Acredito que algum dia você já deve ter vivido a seguinte cena: sentou no sofá da sala, ligou a televisão no noticiário e assistiu o Willian Bonner dizendo que o comitê de política monetária aumentou ou diminuiu a taxa básica de juros da economia, ou a famosa taxa SELIC.
Você pode até não assistir televisão, mas deve ter ficado sabendo da movimentação da taxa SELIC de alguma forma, seja na internet, em revista, no jornal ou em uma roda de amigos, afinal ela é muito importante para o país e afeta a vida de todos brasileiros.
Neste guia você entenderá tudo sobre essa taxa, como ela funciona, qual a sua ligação com a inflação e como você pode ganhar com ela.
CDI Atual – Certificado de Depósito Interbancário Atual (% ao ano)
Taxa SELIC Atual (% ao ano)
O que significa SELIC?
Selic é a sigla para Sistema Especial de Liquidação e Custódia, criado em 1979, pelo Banco Central e pela Andima (Associação Nacional das Instituições do Mercado Aberto), atual AMBIMA, com o objetivo de tornar mais transparente e segura a negociação de títulos públicos. A taxa básica de juros da economia brasileira, como também é conhecida, é definida nas reuniões do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom).
Nos encontros mensais, os membros do Copom discutem uma série de fatores que afetam a economia, a fim de estabelecer qual será a taxa básica daquele período. Na formação da Selic, a equipe econômica examina expectativas de inflação, taxas de juros dos países desenvolvidos, preços de commodities, entre outras variáveis, e definem uma taxa de juros, com o objetivo de cumprir a meta de inflação para o ano.
O que é a Taxa Selic?
A Selic é a taxa básica de juros da economia no Brasil, utilizada no mercado interbancário para financiamento de operações com duração diária, lastreadas em títulos públicos federais. A sigla SELIC é a abreviação de Sistema Especial de Liquidação e Custódia.
Essa sigla nada mais é que um sistema computadorizado utilizado pelo governo, a cargo do Banco Central do Brasil, para que haja controle na emissão, compra e venda de títulos.
A Taxa Selic é obtida pelo cálculo da taxa média ponderada dos juros praticados pelas instituições financeiras. A seguir você descobrirá como até mesmo o seu emprego pode sofrer influência com a movimentação desta taxa.
Acompanhar a evolução desta taxa pode fazer grande diferença em seus investimentos. Mais do que optar pela melhor rentabilidade, é importante entender quais investimentos podem te fazer ganhar naquele exato cenário.
Como saber quanto rende a SELIC?
Então, vamos lá: a taxa Selic são os juros básicos da economia, definidos pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central.
Esse comitê tem reuniões periódicos para a definição de uma meta para a Selic.
Trata-se de uma ferramenta do governo para controlar o crédito e segurar a inflação ou impulsionar a economia, dependendo do cenário econômico e de suas projeções.
Certo, mas por que a Selic faz tanta diferença na vida do investidor?
Resumindo e simplificando bastante, essa é a taxa de juros que o governo topa pagar por títulos da dívida federal.
E são esses papéis (adquiridos em grande parte por instituições financeiras) que servem de base para as aplicações de renda fixa.
Assim, a Selic tem impacto direto nos juros da renda fixa, tanto nos títulos do Tesouro Direto quanto em aplicações como LCA, LCI e CDB.
Na data de publicação desse texto, 03 de julho de 2017, a Selic se encontra em 10,25% ao ano. A perspectiva de mercado é de que o ano acabe com a Meta Selic estabelecida em 7%.
Estamos, portanto, em uma trajetória de queda da Selic, que vai resultar em rendimentos menores em toda a renda fixa na comparação com anos anteriores e vai levar gestores de fundos a ter que arriscar mais na renda variável para superar as metas.
Toda a renda fixa será impactada, mas o título que mais transparece a valorização da Selic é o Tesouro Selic.
Isso significa que você deve se manter longe dessa aplicação? Não.
Mas que você deve colocar nesse investimento apenas aqueles recursos que não podem ser alocados em aplicações mais longas e menos líquidas, como CDBs e LCIs/LCAs superiores a dois anos.
E não esqueça, ao verificar os rendimentos do Tesouro Direto, de que mesmo os títulos vinculados ao IPCA e os prefixados também usam como referência a Selic.
Na prática, você até pode encontrar brechas para obter rendimentos um pouco superiores, mas não vai conseguir fugir de uma queda de rentabilidade na renda fixa.
Com a Selic sofrendo tesouradas do Banco Central, a solução é procurar títulos bem mais longos e aplicar parte (bem pequena, no início) de seu patrimônio em renda variável, em fundos multimercados e de ações.
Para isso, não vá com muita sede ao pote: reserva algo entre 5% e 10% de seu portfólio. E lembre: esse capital investido em renda variável deve mirar o longo prazo (de preferência, mais de cinco anos).
Já aquela fatia maior de sua carteira terá que se contentar com rendimentos menores mas garantidos, para fazer seu dinheiro crescer de forma sustentável, sem acidentes de percurso.
Qual a relação da SELIC e o CDI?
Um bom exemplo é o CDI – saiba mais sobre o CDI, que é a taxa utilizada pelos bancos para as operações de empréstimos de curtíssimos prazo entre os mesmos.
Os bancos, no intuito de sanarem furos de curtíssimo prazo em seus caixas (saques não programados maiores que as entradas), tomam recursos emprestados de outros bancos por um dia e oferecem Títulos Públicos como garantia (lastro), de forma a reduzir o risco do emprestador do recurso e consequentemente os juros da transação.
A taxa SELIC também é conhecida como “linha d’água” dos investimentos, já que a viabilidade de qualquer investimento é medida em comparação com a SELIC/CDI.
Já que estes investimentos são considerados livres de risco e livres do ‘trabalho’ de investir, toda e qualquer aplicação deve superar o CDI no longo prazo.
O CDI está sempre muito próximo da SELIC.
Enquanto a SELIC é a taxa das relações entre Governo e pessoas Físicas ou Jurídicas, O CDI é a taxa das relações entre Pessoas Físicas e Jurídicas entre si.
Qual a relação da SELIC e a Poupança?
A rentabilidade da Poupança também depende da SELIC.
A regra para a rentabilidade da poupança é que sempre que a taxa SELIC estiver acima de 8,5% ao ano, a poupança vai render 6% a.a + TR (ou 0,5% ao mês + TR).
Sempre que a SELIC estiver abaixo de 8,5% ao ano, a poupança vai render 70% da SELIC.
Hoje, enquanto escrevo este artigo a taxa SELIC é de % a.a.
Dessa forma hoje a Poupança está rendendo entre 6% e 7% ao ano.
Você pode ver a rentabilidade mensal da poupança clicando aqui.
Resumindo: SELIC, Títulos Públicos e Política Monetária Assumindo que a SELIC é a taxa básica da economia, é dela que derivam todas as demais taxas que norteiam os investimentos, empréstimos e financiamentos.
O governo a utiliza como mecanismo para acelerar ou frear a economia, controlando assim os Índices de Inflação.
Qual a relação da SELIC e a Inflação?
Agora que você já sabe o que é taxa selic e como ela age como base para outras taxas de juros praticadas no mercado, vamos ver como ela influencia o seu dia a dia.
Imagine que determinada pessoa esteja juntando dinheiro durante 6 meses para comprar o seu primeiro carro. Esse investidor fez uma simulação em um banco no começo de janeiro e a partir disso começou a poupar e economizar para financiar seu carro dentro do prazo estipulado.
O aumento da taxa selic pode fazer todo esse plano ser desestruturado. Isso porque ele pode não conseguir arcar com as prestações, uma vez que o aumento dos juros levaria a um aumento no valor das mesmas.
Desse modo, o dinheiro que ele pegaria emprestado e que circularia na economia deixará de existir (porque foi emprestado pelo governo em troca do rendimento da SELIC), considerando que essa pessoa não irá mais fazer a compra.
Em um modo geral essa situação aconteceria com outras pessoas que também comprariam menos, o que aumentaria a quantidade de produtos disponíveis no mercado.
Nessa situação, uma alternativa para manter o ritmo das vendas seria o comércio diminuir os preços dos produtos, o que faria a inflação recuar.
Além disso, o aumento da taxa SELIC é um grande incentivador para as pessoas adiarem seu consumo para um momento futuro. Isso porque investimentos de renda fixa ficam mais atrativos, fazendo com que as pessoas prefiram investir o dinheiro que recebem a usá-lo para consumo imediato, e assim postergam o consumo para quando resgatarem seus investimentos.
No curto prazo isso ajuda a diminuir a inflação, porque o consumo geral diminui, encalhando os produtos nas prateleiras e fazendo os preços abaixarem.
Em resumo: Aumentar a taxa SELIC é a arma que o governo tem para combater diretamente a inflação, da mesma forma que a redução permite correção dos preços e, consequentemente, aumento da inflação (o que geralmente é um preço que o governo aceita pagar para ter crescimento econômico).
Taxa Selic Over x Taxa Selic Meta
Neste universo de investimentos e empréstimos, existem algumas variáveis. Na verdade, quando falamos simplesmente em Taxa Selic, estamos nos referindo à Taxa Selic Meta.
É a mesma que você ouve nos noticiários: ela determina a taxa de juros da economia, aplicável a empréstimos, financiamentos e outros tipos de crédito.
A Taxa Selic Over, por sua vez, é um pouquinho mais complexa. Ainda que os bancos comprem títulos públicos, eles têm uma obrigação diária de depositar uma porcentagem dos depósitos feitos por seus clientes em uma conta no Banco Central.
Essa medida, chamada de Depósito Compulsório, tem por objetivo controlar o excesso de dinheiro em circulação na economia (evitando um eventual aumento descontrolado da inflação) e regular o mercado (garantindo que as instituições tenham lastro para suas operações).
O que acontece, porém, é que em meio às milhões de transações bancárias que ocorrem diariamente, é comum que alguns bancos cheguem ao final do dia com uma porcentagem maior ou menor do que necessária na conta do Banco Central.
Como, por lei, eles são obrigados a respeitar a porcentagem estipulada, acabam pegando empréstimos entre si.
Os empréstimos interbancários não são longos: eles costumam ser de curto prazo, para um período de 24 horas. E a garantia desses empréstimos são alguns títulos públicos adquiridos pelo banco em questão, comprados no Banco Central.
Sobre essas transações, é aplicada a chamada Taxa Selic Over (praticada quando um banco empresta dinheiro para outro).
Taxa Selic Atual
O valor real da Selic varia todos os dias, mas, em média, ele fica próximo à meta (mensal e anual), definida nas reuniões periódicas do Copom. Para saber em que percentual está a taxa no momento em que estiver lendo este artigo, consulte este link do Banco Central.
Taxa Selic Mensal
Para consultar a taxa mensal da Selic no mês em vigência, é possível acessar as tabelas do site da Receita Federal.
Confira na neste link a evolução histórica da Taxa Selic Mensal desde 2010.
Taxa Selic Anual
Conforme destacamos, em suas reuniões o Copom define uma meta para a taxa de juros anual. Desde o último encontro, a meta anual para 2017 está estipulada em 12,25%, conforme indica o Banco Central.
Taxa Selic Acumulada
A Taxa Selic acumulada é simplesmente a soma do valor das taxas a cada mês, indicando o valor da taxa acumulada ao ano. Também pode ser consultada no site da Receita Federal.
Evolução da Taxa Selic
Veja no gráfico abaixo a evolução da Taxa Selic:
Como a Selic é calculada?
Para o cálculo da Taxa Selic, conforme o Banco Central, “são considerados os financiamentos diários relativos às operações registradas e liquidadas no próprio Selic e em sistemas operados por câmaras ou prestadores de serviços de compensação e de liquidação”.
Se você quiser saber mais sobre a metodologia aplicada no cálculo da Selic, sugerimos que consulte este link do Banco Central. Ele explica em detalhes a fórmula utilizada. Mas já adiantamos que o cálculo é bastante complexo.
Como ganhar mais que a SELIC em alta ou a SELIC em queda?
A primeira questão importante aqui é que nós não investimos diretamente “na SELIC”, mas sim em produtos que são referenciados a taxa DI. Afinal, lembram que comentei no começo do texto que os CDI são títulos negociados pelos bancos apenas entre eles?
Pois bem, a boa notícia é que atualmente no Brasil temos não apenas 1 única alternativa que remunera o investidor de acordo com o CDI, mas sim uma enorme gama de opções de títulos de renda fixa e fundos de investimentos.
E como você vai ver, muitas vezes esses investimentos conseguem inclusive superar o CDI e entregar mais rentabilidade para o investidor.
Antes vale uma informação bastante importante. Na maioria dos casos você vai ver exemplos como “100% do CDI”, “70% do CDI”, “120% do CDI”.
Como usamos a taxa DI como referencial para todas as alternativas de investimentos que vou mostrar aqui, a forma mais simples de saber o retorno dessas aplicações é, portanto, comparando elas com o próprio CDI.
Assim, quando você ver algo como “50% do CDI”, quer dizer simplesmente que o título rendeu metade do que renderia um CDI. Se um título render “100% do CDI”, quer dizer que renderia exatamente igual ao CDI. Se render “120% do CDI”, quer dizer que seu retorno é de 20% a mais que um CDI. E assim por diante.
Ou seja, se o CDI estiver pagando 10% ao ano de juros, 50% do CDI indicará 5% ao ano, 120% do CDI será equivalente a 12% ao ano e 100% do CDI os exatos 10% ao ano.
Portanto a conclusão óbvia é: devemos procurar sempre investimentos que rendam pelo menos 100% do CDI ou mais, dependendo obviamente do perfil de risco de cada investidor.
Nas próximas linhas apresentarei as alternativas mais importantes, seguidas de alguns exemplos de títulos que estão sendo negociados atualmente no mercado.
CDB E LC
Começando pelo clássico: Certificado de Depósito Bancário – CDB. Eles são aquelas aplicações costumeiras que geralmente são as primeiras que nos são apresentadas nos bancos como alternativas à poupança.
Por serem uma das principais formas de depósito a prazo (quando você deposita seu dinheiro na conta-corrente sem rendimento chamamos de depósito à vista), a função desses títulos é captar os recursos que o banco irá emprestar. Ou seja, é através deles que o banco acaba transferindo recursos de quem tem dinheiro sobrando (poupadores) para aqueles que estão precisando de dinheiro (tomadores).
Claro, eles não são a única fonte de captação de recursos que os bancos tem, como veremos abaixo, mas sem dúvidas ele é uma das mais importantes.
As Letras de Câmbio – LC, são títulos similares e apesar do nome não tem nada a ver com câmbio de moedas (dólar, euro, etc.).
A diferença entre esses títulos é que os CDBs são emitidos apenas por bancos e as LCs por financeiras (como a Omni Financeira, por exemplo).
Veja agora algumas das principais características do CDB e da LC:
- Rentabilidade (média): Por serem investimentos de risco relativamente baixo (exatamente o mesmo da poupança), com boa liquidez, mas tributado pelo IR, costuma ter uma rentabilidade razoável, variando de 70% até mais de 140% do CDI;
- Liquidez (alta): Apesar de existirem títulos com carência, é muito comum encontrar opções com liquidez diária, o que permite o investidor acesso a seus recursos imediatamente sem penalidades pelo resgate. Em alguns bancos inclusive existe resgate automático para essas aplicações, facilitando a administração do capital de giro no caso das empresas, por exemplo;
- Segurança (alta): Como ambos são títulos de emissão bancária, ou seja, emitidos apenas por instituições financeiras, ambos contam com a garantia do Fundo Garantidor de Crédito – FGC. Portanto, como sugere o nome, o investidor tem garantia de segurança em seus investimentos para até R$ 250.000,00 para cada instituição financeira diferente que ele aplicar;
- Tributação (tabela regressiva): Esses títulos sofrem a incidência de imposto conforme o modelo da tabela regressiva do Imposto de Renda (IR). Essa tabela diminui o imposto devido de acordo com o prazo investido, da seguinte maneira:
- Até 180 dias, 22,5% de IR sobre os rendimentos;
- Entre 181 e 360 dias, 20% de IR sobre os rendimentos;
- Entre 361 e 720 dias, 17,5% de IR sobre os rendimentos;
- Acima de 720 dias, 15% de IR sobre os rendimentos.
Veja agora alguns exemplos de CDBs e LCs disponíveis para investir ainda hoje:
Emissor | Carência | Aplicação Mínima | Retorno |
---|---|---|---|
CDB Banco Pan | 0 dias | R$5.000,00 | 101,50% do CDI |
CDB Banco Modal | 721 dias | R$5.000,00 | 114% do CDI |
LC Omni Financeira | 1080 dias | R$5.000,00 | 117% do CDI |
LCI E LCA
Tanto as Letras de Crédito Imobiliário – LCI, como as Letras de Crédito do Agronegócio – LCA, são títulos com características muito semelhantes aos CDBs em termos de investimentos, mas com funções diferentes dentro do banco.
Como o próprio nome desses títulos sugere, os recursos captados por eles no banco só podem ser emprestados para empreendimentos (advinha só): imobiliários e do agronegócio.
Por conta disso, como essas são áreas que o governo brasileiro costuma priorizar, oferece um dos melhores incentivos possíveis para atrair investidores (e consequentemente aumentar a captação de recursos para essas finalidades): isenção de impostos sobre os rendimentos.
Dessa forma, espera-se que com mais dinheiro disponível para emprestar para esses setores (imobiliário e de agronegócios), os juros cobrados por empréstimos a eles tende a ser menor e consequentemente mais empreendimentos dos ramos seriam realizados no país.
Veja agora algumas das principais características da LCI e da LCA:
- Rentabilidade (média): Por serem investimentos de risco relativamente baixo (exatamente o mesmo da poupança), com boa liquidez, mas não tributado pelo IR, costumam ter uma rentabilidade razoável, variando de 70% até mais de 100% do CDI;
- Liquidez (alta): Apesar de existirem títulos com carência, é muito comum encontrar opções com liquidez diária, o que permite o investidor acesso a seus recursos imediatamente sem penalidades pelo resgate;
- Segurança (alta): Assim como os CDBs e LCs, o investidor tem garantia do FGC em seus investimentos para até R$ 250.000,00 para cada instituição financeira diferente que ele aplicar;
- Tributação (isento): Não há tributação em cima dos rendimentos da LCI e LCA;
IMPORTANTE: Note que apesar de as LCI e LCA renderem um percentual muito abaixo do CDB, por serem isentas de imposto, o rendimento final acaba sendo muito maior. Portanto uma LCI que rende apenas 88% do CDI em 3 meses, por exemplo, seria exatamente o mesmo que um CDB de 113,5% do CDI. Afinal de contas, ao resgatar esse CDB em 3 meses você teria que pagar 22,5% de imposto sobre os seus rendimentos.
FUNDOS DE RENDA FIXA E REFERENCIADOS-DI
Os fundos Referenciado-DI praticamente dispensam apresentações. Sua função é justamente seguir e entregar o rendimento do CDI para o investidor, através do investimento em títulos indexados à taxa DI.
A grande diferença de investir neles ao invés de comprar um título diretamente, é a diversificação em títulos de diferentes instituições financeiras. Fazendo isso, o risco do investimento tende a cair consideravelmente, uma vez que se um banco qualquer quebrar, apenas uma parte pequena do capital fica comprometida.
Outra vantagem dos fundos referenciados é a liquidez, sendo que esses fundos podem permitir resgates no mesmo dia.
Os fundos de Renda Fixa não referenciados, por outro lado, tem como objetivo em geral superar o CDI. Porém, para isso eles acabam tendo que investir em títulos mais arriscados, conferindo maior oscilação nos resultados diários do investidor.
Um bom exemplo são os fundos de inflação, os quais já escrevi um texto exclusivo para eles.
Veja agora algumas das principais características dos fundos de Renda Fixa e Referenciado-DI:
- Rentabilidade (média): Se forem fundos referenciados, o objetivo é 100% do CDI. Se forem outro tipo de fundos de Renda Fixa, podem ter oscilações maiores rendendo mais de 120% do CDI em alguns casos, ou até mesmo sofrendo prejuízos em prazos curtos;
- Liquidez (alta): Pelo menos no caso dos fundos referenciados, a maioria permite resgate no mesmo dia ou no dia seguinte;
- Segurança (média): Fundos não oferecem garantia do FGC, mas sua segurança vem através da diversificação dos investimentos;
- Tributação (tabela regressiva com come-cotas): Os fundos são tributados na tabela regressiva assim como os CDBs e LCs. No entanto existe a incidência do come-cotas, que se você não conhece, recomendo fortemente que leia esse texto que dediquei exclusivamente para esse assunto;
Veja agora alguns exemplos de Fundos de Renda Fixa e Referenciado-DI disponíveis para investir ainda hoje:
Fundo | Resgate | Apl. Mínima | Retorno (12 m) |
---|---|---|---|
AZ Quest Luce FIC FI RF CP LP | Dia seguinte | R$ 5.000,00 | 110% do CDI |
Porto Seguro Referenciado DI Crédito Privado | Mesmo dia | R$ 20.000,00 | 105% do CDI |
BNP Paribas Match DI | Mesmo dia | R$ 50.000,00 | 101,50% do CDI |
DEBÊNTURES
Já imaginou se você pudesse emprestar seu dinheiro direto para a AMBEV ou para o Pão de Açúcar e ganhar juros fixos deles? Pois é justamente essa a função das debêntures.
Lembram que falei dos títulos de “emissão bancária” acima, como o CDB, LC, LCI e LCA? As debêntures são o que chamamos de títulos de “Crédito Privado”.
Dentre várias diferenças, a mais importante para o investidor final é a de que como esses títulos são emitidos por empresas não financeiras, eles não oferecem ao investidor a garantia do FGC de até R$ 250.000,00 por emissor. Por isso, as debêntures costumam ser investimentos de risco mais elevado que outras alternativas de renda fixa, indicados apenas para investidores mais tolerantes ao risco.
Veja agora algumas das principais características dos fundos de Renda Fixa e Referenciado-DI:
- Rentabilidade (alta): Por terem um risco mais elevado, muitas debêntures oferecem rentabilidades acima do CDI, em alguns casos pagando até o CDI mais algum prêmio de juros prefixado;
- Liquidez (baixa): Quando precisar resgatar uma debênture, você terá que recorrer ao mercado secundário. Ou seja, terá que procurar outro investidor querendo comprar seu título. Dependendo da empresa emissora isso pode não ser tão fácil e você pode acabar tendo que perder dinheiro para resgatar antes do prazo contratado;
- Segurança (baixa): O lastro desses títulos é a própria empresa. Logo, se ela quebrar, você perde o seu dinheiro. É claro, portanto, que empresas grandes e sólidas como a AMBEV tem o risco bem menor do que empresas pequenas;
- Tributação (tabela regressiva): Aqui a tributação é exatamente a mesma da tabela regressiva dos CDBs e LCs;
CRI E CRA
Esses talvez sejam os modelos menos conhecidos e mais complexos de investimentos de renda fixa. Apesar disso, os Certificados de Recebíveis Imobiliários – CRI e os Certificados de Recebíveis do Agronegócio – CRAvem se tornando cada vez mais populares entre os investidores nos últimos anos.
Como meu objetivo é apresentar os investimentos que remuneram de acordo com a taxa DI, vou deixar a explicação técnica desses títulos para um texto futuro.
Portanto, de forma bem resumida, o que importa aqui é que esses títulos permitem que o investidor receba os pagamentos de um financiamento (imobiliário ou do agronegócio) no lugar do banco que concedeu esse crédito. Para isso, o investidor estaria “comprando o direito” de receber esses pagamentos do banco.
Quem emite esse título no entanto, não é o banco, mas sim uma outra instituição chamada de securitizadora. Assim, como essa instituição não é bancária, então esses títulos não possuem a garantia do FGC.
No entanto, lembram que por as LCI e LCA serem mecanismos de financiar os mercados imobiliário e de agronegócio o governo não tributava esses investimentos? Adivinhe novamente: as CRI e CRA também possuem essa vantagem!
Veja agora algumas das principais características dos CRI e CRA:
- Rentabilidade (alta): Por terem um risco mais elevado, os CRI e CRA costumam entregar bons resultados, passando até dos 130% do CDI se você estiver disposto a correr mais riscos;
- Liquidez (baixa): Mesmo caso das debêntures. Se quiser resgatar seu dinheiro antes do prazo contratado, vai ter que contar com um mercado secundário bom para não perder dinheiro;
- Segurança (baixa): O lastro desses títulos do emissor e segue o mesmo princípio das debêntures. Bons emissores tem riscos menores, maus emissores tem grande risco;
- Tributação (isento): Assim como nas LCI e LCA, são títulos que contam com a vantagem de não pagar impostos sobre o rendimento;
Conclusão
Se você leu até o fim esse mega conteúdo sobre o SELIC, eu tenho certeza que você virou um craque no assunto e já pode dar aula em muito “macaco velho” do mercado sobre esse tema.
Ao entender profundamente esse conceito e a importância dele nos seus investimentos, certamente você também estará mais preparado para conseguir rentabilidade para seu dinheiro.
O próximo passo agora é você colocar em prática essas lições e montar uma carteira adequada ao seu perfil que tenha boas aplicações como os exemplos que coloquei nos tópicos acima.