Os produtos do Tesouro Direto ganharam, nos últimos anos, bastante espaço dentre os principais investimentos dos brasileiros. Por conta da segurança e rentabilidade, seus títulos se tornaram estrelas da renda fixa.
No entanto, antes de fazer aplicações no Tesouro Direto, é necessário entender como funcionam os títulos públicos, quais sãos custos e riscos envolvidos e qual o produto mais indicado para o seu perfil.
Por isso, preparamos um guia completo com tudo que você precisa saber para investir no Tesouro Direto.
O que é o Tesouro Direto?
O Tesouro Direto é maneira rápida e prática de fazer investimentos em títulos públicos emitidos pelo Governo Federal. Ele é um programa de negociações de títulos diretamente para pessoas físicas através da internet.
O projeto teve seu início em 2002, como resultado de uma parceria entre o Tesouro Nacional e a B3 (na época, BM&FBovespa) que tinha como intuito democratizar os investimentos em títulos públicos.
No entanto, apesar de ter sido criado em 2002, o Tesouro Direto só ganhou popularidade notória nos últimos anos.
De acordo com a Secretaria do Tesouro Nacional, vinculada ao Ministério da Economia, em janeiro de 2019 o número total de investidores cadastrados no Tesouro Direto atingiu a marca de 3,3 milhões.
Além disso, em janeiro do mesmo ano, o número de participantes ativos no programa totalizou 845 mil pessoas.
Apesar do tempo em que está disponível no mercado e da boa popularidade, muitas pessoas ainda têm dúvidas sobre como funciona o Tesouro Direto.
Como funciona o Tesouro Direto?
As aplicações em produtos do Tesouro Direto funcionam como uma forma de empréstimo feito pelo investidor ao governo. Em troca desse empréstimo, o investidor recebe uma rentabilidade anual, que funciona de maneira diferente para cada tipo de título.
Os recursos captados pelo Tesouro Direto são usados pelo Governo para financiar atividades relacionadas às áreas de educação, infraestrutura, tecnologia e saúde.
Antes da criação do Tesouro Direto, o títulos públicos só podiam ser comprados indiretamente. Investidores que queriam aplicar nesses papéis tinham que comprar cotas de fundos de renda fixa administrados por bancos.
Contudo, com a criação do programa, com o objetivo tornar os investimentos em títulos do governo mais acessíveis, investir em títulos do Governo Federal ficou mais fácil, embora muitas pessoas ainda tenham dúvidas sobre como investir no Tesouro Direto.
Como Investir no Tesouro Direto
O primeiro passo para investir no Tesouro Direto é procurar uma corretora de valores e abrir uma conta. Em geral, abrir conta na corretora é fácil e rápido e pode ser feito online. Basta informar os seus dados pessoais e seguir as instruções da instituição.
Depois de criar uma conta, será necessário transferir o dinheiro da sua conta bancária para a conta da corretora a fim de realizar os seus investimentos.
Na hora de escolher corretora, no entanto, é importante avaliar quais são os custos da instituição, qual qualidade do serviço e da plataforma da corretora, diversidade do portfólio de produtos, entre outros fatores. Selecionar uma boa corretora pode ser essencial para o resultado positivo dos seus investimentos.
Além de conhecer bem a instituição na qual abrirá conta, também é necessário fazer uma boa autoavaliação. Entender o seu perfil de investidor é fundamental para escolher produtos que melhor se adequam aos seus objetivos e restrições.
As corretoras de investimento, em geral, oferecem testes para avaliação de perfil do investidor ,que podem ser preenchidas assim que a conta é criada.
Definir o seu perfil é fundamental para conseguir avaliar as diferenças entre os variados produtos disponíveis no Tesouro Direto e em todo o mercado financeiro.
Saiba quais são os tipos de títulos do Tesouro Direto
O portfólio do Tesouro Direto conta, basicamente, com três tipos de títulos públicos:
- Prefixado com diferentes vencimentos
- Indexado à taxa de básica de Juros – Tesouro Selic
- Atrelado ao IPCA
Tesouro Prefixado
O Tesouro Prefixado – antigamente conhecido como LTN – como o próprio nome sugere, tem seus rendimentos conhecidos no momento da aplicação. Nesse sentido, a principal vantagem do título é a possibilidade de fazer um planejamento real no momento do investimento.
Em geral, esses títulos são indicados em cenários nos quais a taxa prefixada é superior à taxa Selic.
A remuneração sobre o capital aplicado é paga ao final do contrato. No entanto, o investidor pode, antes do prazo de vencimento, negociar seus títulos sob as condições do mercado.
Como o preço dos títulos varia diariamente, é possível negociar os títulos com uma taxa melhor do que a acordada no momento da aplicação.
Além disso, o Tesouro Direto oferece uma variação desse tipo de título, o Tesouro Prefixado com juros semestrais. Nesse caso, o investidor recebe a cada seis meses pequenas parcelas de seu rendimento.
Tesouro Selic
O Tesouro Selic, antes chamado de LFT, é um ativo pós-fixado que acompanha a taxa básica de juros da economia. Nesse sentido, não é possível conhecer sua rentabilidade no momento da aplicação, pois ela varia de acordo com o indicador usado como parâmetro.
Em geral, esse tipo de título pode ser mais interessante para investidores com perfil conservador, uma vez que apresentam menor volatilidade em seu valor. Além disso, o momento mais indicado para investimentos no Tesouro Selic ocorre em cenários que sinalizam alta na taxa de juros.
É importante ressaltar, no entanto, que os ganhos com o Tesouro Selic, assim como no caso do Tesouro Prefixado, são nominais, por isso, é necessário descontar a inflação do período para conhecer o ganho real da aplicação.
Por fim, vale lembrar que o Tesouro Selic não conta com um modelo de recebimento semestral, os juros da aplicação só podem ser retirados em datas definidas pelo contrato ou ao final do prazo.
Contudo, para receber qualquer valor antes deste prazo, o investidor pode negociar seus títulos, sujeito às condições do mercado. O Tesouro Selic conta com liquidez diária, em que o próprio governo se compromete a retomar os títulos.
Tesouro IPCA
Esse tipo de título está atrelado ao IPCA – Índice de Preços ao Consumidor Amplo-, que mede a variação do custo de vida das famílias. Ou seja, o IPCA é responsável por medir o nível da inflação da economia.
Assim como no caso do Tesouro Selic, o Tesouro IPCA segue um indicador da economia, no caso o IPCA. Portanto, ao aplicar nesse tipo de título, o investidor ganha com a inflação.
No entanto, ao contrário do caso anterior, o Tesouro IPCA, ou NTN-B Principal como era conhecido, conta também com uma taxa fixa de rentabilidade. Assim, o rendimento do Tesouro IPCA é a soma da variação da inflação no período com a valor da taxa acordada no momento do contrato.
O Tesouro IPCA é, portanto, o único título com rendimento real. Isso porque seu rendimento considera as flutuações na inflação. Assim, mesmo em cenário de inflação alta, o investidor está protegido.
Assim como no caso do Tesouro Prefixado, o Tesouro IPCA também conta com uma modalidade pagamento semestral. O Tesouro IPCA com Juros Semestrais (antigo NTN-B) faz pagamento aos investidor a cada seis meses.
Qual melhor título do Tesouro Direto para você
Saber em qual título do Tesouro Direto investir pode ser bastante complicado. Afinal, muitos fatores devem ser considerados na hora de definir quais ativos vão compor sua carteira.
Antes de fazer uma aplicação é necessário ter claro quais são seus objetivos e os prazos para cada um deles.
Não importa se o objetivo é fazer uma viagem, comprar um carro ou atingir a independência financeira, defini-lo é muito importante para conseguir selecionar títulos com rentabilidade e prazos adequados.
O Tesouro Selic, por exemplo, é o mais estável e tem liquidez diária, por isso, pode ser o mais interessante para investidores com maior aversão ao risco ou para quem deseja fazer o investimento para fins de reserva de emergência.
Além disso, é fundamental conhecer o seu seu perfil de investidor antes de fazer qualquer aplicação. Esse passo te ajudará a entender o quanto você está disposto a correr riscos assim escolher produtos mais adequados.
Os títulos atrelados ao IPCA, por exemplo, são os que conferem maior grau de risco por conta da constante variação de preços. Por outro lado, se o investidor mantiver o investimento até o prazo receberá o que foi definido no momento da compra.
Por fim, além dos prazos e risco envolvidos, a escolha dos títulos de Tesouro Direto também deve contemplar outros fatores como a expectativa de rentabilidade e custos. Vamos falar de cada um desses fatores a seguir:
- Prazos de investimento
- Liquidez
- Taxas
- Impostos
- Rentabilidade
- Segurança
Prazos de Investimento no Tesouro Direto
O contrato firmado no momento da compra de um título do Tesouro Direto contèm informações importantes a respeito do investimento, como a taxa de rentabilidade, modalidade do papel e prazo de vencimento.
A maior parte dos títulos disponíveis tem prazo de validade entre o médio e o longo prazo. No entanto, outros têm data de vencimento programada para mais de dez anos. Observe na tabela abaixo os títulos disponíveis do Tesouro Direto e seus respectivos prazos.:
Fonte: Site do Tesouro Direto 03/07/19
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Caso seja necessário reaver o dinheiro da aplicação antes do prazo, o investidor pode negociar seus títulos quando quiser, porém estará sujeito às regras do mercado.Nesse cenário, pode ocorrer perda de rentabilidade se o valor de mercado estiver menor do que o firmado no contrato.
Por isso, é muito importante avaliar as necessidades e os prazos de vencimentos antes de investir em um título do Tesouro Direto. É sempre interessante tentar manter o prazo dos investimento para evitar perdas.
Liquidez dos títulos do Tesouro Direto
Os títulos emitidos pelo Governo Federal no Tesouro Direto contam com liquidez diária. Isso quer dizer que, se o investidor precisa resgatar o montante aplicado antes da data de vencimento do título, o Tesouro Nacional garante a recompra do papel.
De qualquer maneira, vale lembrar que o investidor fica sujeito às condições de mercado que podem ser melhores ou piores do que as acordadas em contrato no momento do investimento.
Taxas e Custos para investir no Tesouro Direto
Investir no Tesouro Direto pode ser muito simples e vantajoso, no entanto é necessário analisar com cautela os custos envolvidos nas operações.
Os investimentos em títulos públicos estão sujeitos à taxa de custódia cobrada semestralmente pela B3 para a custódia dos papéis e a segurança das informações pessoais do investidor. A taxa totaliza anualmente 0,3% sobre o valor do título.
Além disso, pode haver cobrança, por parte das corretoras, para guarda dos papéis, chamada de taxa do agente de custódia.
Algumas corretoras, como a XP Investimento, por exemplo, não cobram taxa de custódia para investimentos no Tesouro Direto. No entanto, os fundos de investimento em renda fixa cobram taxa de administração e pode cobrar taxa de perfomance.
Imposto Tesouro Direto
No Tesouro Direto, assim como em outros investimentos em renda fixa, há incidência de IOF – Imposto sobre Operações Financeiras. A taxa, no entanto, só ocorre nos primeiros trinta dias da aplicação. Assim, se você solicitar o resgate antes deste período terá que pagar IOF.
Além do IOF, incide também sobre o Tesouro Direto, Imposto de Renda , que é calculado sobre a rentabilidade dos papéis, cujo pagamento acontece na venda, no recebimento de cupons de juros semestrais ou no vencimento título. A alíquota do IR do Tesouro Direto segue a tabela regressiva:
- 22,5% para aplicações com prazo de até 180 dias;
- 20% para aplicações com prazo de 181 dias até 360 dias;
- 17,5% para aplicações com prazo de 361 dias até 720 dias;
- 15% para aplicações com prazo acima de 720 dias
Nesse sentido, quanto maior o tempo do investimento, menor será a taxa de IR. Além disso, aplicações com prazo superior a 30 dias ficam isentas de IOF. É importante ressaltar, por fim, que a tributação fica retida direto na fonte e só necessário fazer declaração anual.
Rentabilidade do Tesouro Direto
A Rentabilidade do Tesouro Direto somada a sua segurança, fez com que o títulos públicos do programa ganhassem espaço nas carteiras dos investidores brasileiros.
A maior parte dos títulos do programa possui rentabilidade próxima ao CDI, espécie de benchmark para a renda fixa no Brasil.
Além do rendimento próximo à taxa DI, os títulos do Tesouro Direto também podem ser negociados diariamente, conforme expectativa do mercado quanto aos juros futuros.
De forma geral, quando a expectativa de juros cai, os preços do papel sobem e podem ser negociados a um valor maior do que o do contrato. Contudo, é necessário fazer uma boa marcação à mercado, para que a operação não incorra em prejuízo.
Será que o Tesouro Direto é seguro?
Entre os produtos financeiros disponíveis no mercado nacional, o Tesouro Direto é o que menos incorre em riscos para investidor, apesar não ter garantia do FGC (Fundo Garantidor de Crédito).
Como o credor, nesse caso, é o Governo Federal, o Tesouro Direto tem garantia de 100% do Tesouro Nacional. Portanto, o risco de calote do TD é quase zero.
Caso isso acontecesse, o país inteiro entraria em colapso, incluindo todo o Sistema Financeiro. Porém, podemos afirmar que o risco é, se não nulo, quase impossível. Além disso, o dinheiro do Tesouro Direto corresponde a menos de 1% da dívida do governo.
Vantagens e desvantagens do Tesouro Direto?
Assim como qualquer outro tipo de investimento, o Tesouro Direto está sujeito à vantagens e desvantagens relacionados à aspectos financeiros e pessoais. Conheça as principais vantagens e desvantagens deste tipo de investimento.
Vantagens
Entre as principais do vantagens do Tesouro Direto podemos citar:
- Facilidade
- Segurança
- Rentabilidade
- Liquidez Diária
- Acessibilidade
Facilidade
Investir no Tesouro Direto é muito fácil e simples. Para isso basta ter conta em uma instituição financeira e acesso à internet.
Segurança
Como dissemos, os títulos do Tesouro Direto são emitidos pelo Governo Federal, portanto o risco de calote é quase nulo.
O repasse dos rendimentos, por parte do governo, também fica garantido, o que faz com o que o Tesouro Direto seja quase tão seguro quanto a poupança.
Rentabilidade
O Tesouro Direto garante aos seus investidores um bom nível de rentabilidade somado a um baixíssimo nível de risco. Esse conjunto de fatores garante umas das maiores vantagens desses títulos.
Liquidez Diária
Outra importante vantagem do Tesouro Direto é a liquidez diária. Isso garante que o investidor possa solicitar o resgate da aplicação a qualquer momento. A liquidez é garantida pelo próprio governo, que faz a recompra dos títulos.
Essa vantagem permite que esses investimentos se adequem aos mais diversos perfis de investidores, com objetivos de curto e longo prazo.
Acessibilidade
Além de ser simples, investir no Tesouro Direto é muito acessível, sobretudo para pequenos investidores. O valor mínimo para investir no Tesouro Direto é de R$ 30.
Desvantagens
Embora tenha muitas vantagens, as aplicações no Tesouro Direto também incorrem em uma importante desvantagem: os custos do investimento.
Os investimentos na plataforma estão sujeitos à taxas e impostos que devem ser bem avaliados para não comprometer a viabilidade da operação.
Vale a pena investir no Tesouro Direto?
O Tesouro Direto oferece muitas vantagens aos seus investidores, dentre as quais se destacam, sobretudo, a segurança e a rentabilidade. Ao investir nos títulos do programa, é possível observar rentabilidade de uma forma muito segura.
Mesmo em cenário de juros baixos, os títulos do Tesouro ainda permanecem como uma boa alternativa de investimento, uma vez que seguem de perto o CDI, que baliza o mercado da renda fixa no País.
Ademais, as aplicações no Tesouro Direto são bastante simples e acessíveis. Com uma conta em um corretora e apenas R$ 30 já possível começar a investir no programa.
Nesse sentido, os título do Tesouro Direto podem ser mais indicados para investidores que estão iniciando sua vida no mercado financeiro e ainda não possuem vasto conhecimento ou um montante muito alto para ser aplicado.
É importante lembrar, no entanto, que antes de fazer a aplicação em qualquer produto, o investidor deve definir seus objetivos e o seu limite de tolerância ao risco.
Para quem está disposto a correr maiores riscos em busca de retornos maiores, pode ser interessante mesclar aplicações em renda fixa com aplicações em renda variável.
Perguntas sobre o Tesouro Direto
Como resgatar o dinheiro do Tesouro Direto?
Para resgatar o capital investidor no Tesouro Direto antes do prazo definido basta acessar a plataforma e especificar a fração da venda. Nesse caso, não é possível negociar o valor desejado e os papéis são vendidos ao preço de mercado.
Após a solicitação, dinheiro ficará disponível na conta para resgate em um dia útil.
Além disso, quando há vencimento do título, o investidor tem a opção de resgatar o dinheiro ou investir em títulos semelhantes, como o mesmo investimento, porém com prazos maiores.
Que horas abre o mercado do Tesouro Direto?
Operações de compra e venda dos títulos do Tesouro Direto podem ser realizadas diariamente entre 9h:30min e 18h. Durante os finais de semana e feriados, as negociações podem ser feitas a qualquer horário e os preços realizados serão os da abertura do mercado próximo dia útil.
Como calcular o rendimento do Tesouro Direto?
Para calcular a rentabilidade da aplicação você pode usar o Simulador Tesouro Direto disponível na página do programa. O aplicativo pode ajudar a escolher o melhor investimento de acordo com seus objetivos e ainda mostrar uma previsão dos ganhos com o investimento.
Quanto tempo demorar para liquidar o Tesouro Direto?
Caso você tenha comprado um título do Tesouro Direto, será necessário um dia útil para a operação ser completamente liquidada e título ficar disponível em sua custódia.
Em caso de venda, o tempo necessário também é de um dia útil. Portanto, se você vendeu um título do Tesouro Direto deverá esperar um dia para que o dinheiro fique disponível para resgate em sua conta.