Investir dinheiro é fundamental para quem deseja ter uma renda passiva e que garanta mais segurança e estabilidade financeira. Investir, entretanto, muitas vezes significa correr riscos e é por isso que investidores conservadores preferem opções mais seguras, como é o caso de investir dinheiro no Tesouro Direto ou Poupança. Mas você sabe qual dos dois é melhor? Conheça as características de cada um e descubra onde investir dinheiro.
Como funciona a poupança?
A poupança é, de longe, o investimento mais popular e também o mais simples de ser feito. Para investir na poupança só é preciso ter uma conta em banco e aplicar o dinheiro ali no período desejado — geralmente, deposita-se todo mês.
Esse tipo de investimento também é um dos mais tradicionais por causa de sua segurança, e permite que sejam feitos saques a qualquer momento de acordo com a necessidade ou vontade do titular.
Rendimento
Depósitos feitos a partir de maio de 2012 rendem a Taxa Referencial (TR), que é fixada, mais 70% da Selic quando essa for igual ou menor do que 8,5%.
Quando a taxa Selic está em um valor acima de 8,5% ao ano, o rendimento da poupança é de 0,5% mais a TR. Esse rendimento também é válido para os investimentos feitos antes de maio de 2012.
Riscos
Embora seja um investimento considerado entre os mais seguros, a poupança carrega consigo o risco de falência do banco onde está a aplicação. Além disso, também há o risco de situações políticas instáveis levarem ao confisco da poupança, como já aconteceu no Brasil durante a presidência de Fernando Collor.
Como funciona o Tesouro Direto?
Já o Tesouro Direto é um investimento em que o interessado adquire títulos públicos e que são responsáveis por financiar gastos do governo, por exemplo. Diferentemente do que muita gente acha, o Tesouro Direto é o investimento mais seguro, ganhando até mesmo da poupança.
A diferença, entretanto, é que o Tesouro Direto requer que o investidor se cadastre em um banco ou corretora que possam operar no Tesouro, chamados de agentes de custódia. Além disso, os investimentos têm um prazo de vencimento, que é quando o dinheiro pode ser retirado. Se o investidor desejar tirar o dinheiro antes, terá de vender o seu título e isso pode significar perda de dinheiro.
A incidência do Imposto de Renda no Tesouro Direto, por sua vez, é regressiva de acordo com o tempo, indo de 22,5% até 15%. Investimentos que ficam até 180 dias pagam a taxa máxima, enquanto os que ficam no mínimo 720 dias pagam a taxa mínima.
Rentabilidade
A rentabilidade do investimento no Tesouro Direto dependerá do tipo de título, sendo os três principais: LFT, LTN ou NTNB. As rentabilidades para cada um são:
- LFT: título pós-fixado e que acompanha as variações da taxa Selic. Caso a taxa Selic caia no período, o rendimento pode não ser o esperado;
- LTN: título pré-fixado e que garante que o investidor saiba o quanto receberá ao final do período. A rentabilidade depende da taxa de juros e é a que possui maior potencial de causar prejuízos se vendida antes do tempo;
- NTNB: título pós-fixado que rende uma taxa de juros fixa aliada à variação da inflação. É a mais indicada para longo prazo, como para aposentadoria, porque garante o poder de compra.
Riscos
O Tesouro Direto é o investimento que possui menos riscos já que se recebe do governo — perdas podem ocorrer apenas se o investidor resgatar o capital investido antes do prazo determinado. Os títulos pós-fixados, entretanto, são os que apresentam maiores riscos, especialmente os de médio prazo, já que podem sofrer uma grande perda de rentabilidade graças a flutuações na economia — no caso de os juros caírem, por exemplo.
Se quiser mais detalhes veja este guia que é o mais completo da internet sobre o Tesouro Direto
Investir na Poupança é mais seguro que Tesouro Direto?
nvestir na poupança não é mais seguro do que o Tesouro Direto. Na primeira opção, você empresta seu dinheiro para instituições privadas. Na segunda, para o Governo Federal.
Ou seja, o risco de crédito é muito maior na caderneta, embora haja um mecanismo de proteção eficiente.
De onde vem, então, a crença de que a poupança é a aplicação mais segura?
Bom, a facilidade da aplicação e a certeza de retornos (baixos, mas garantidos) podem explicar um pouco a origem desse mito.
Não dá para deixar de dizer que poupança é o investimento favorito dos brasileiros. Ela é uma aplicação com baixo risco e alta liquidez, isto é, pode ser convertida facilmente em dinheiro.
A segurança da poupança
A segurança da poupança se deve a um cálculo de rendimento sem grandes variações e ao Fundo Garantidor de Créditos.
Esse cálculo de rentabilidade é o seguinte: quando a Selic for superior a 8,5% a.a., o rendimento da poupança será 0,5% ao mês mais a TR (Taxa Referencial, de cálculo complexo e pequena diferença no resultado final). Caso a Selic seja igual ou inferior 8,5% ao ano, a remuneração passa a ser de TR mais 70% da Selic.
Nessa projeção de rendimentos, não entram Imposto de Renda, IOF ou qualquer outra taxa. Ou seja, você não verá descontos estranhos no extrato.
Além de oferecer facilidade na aplicação, a poupança conta com o aval do Fundo Garantidor de Créditos.
Trata-se de um mecanismo de proteção bancado por instituições financeiras de todo o país.
Esse fundo intervém em caso de quebra ou intervenção em banco e serve para amparar os investidores. Assim, ele garante o saldo de diversas aplicações (inclusive a poupança) até um limite de R$ 250 mil por CPF por conglomerado financeiro.
Dessa forma, seu dinheiro, dentro desse limite, estará protegido mesmo que o banco quebre.
Agora que você conhece os pilares de segurança que sustentam a poupança, vamos entender qual é o perfil de risco do Tesouro Direto?
Segurança do Tesouro Direto
Tesouro Direto é uma plataforma de negociação de títulos do Governo Federal. Através dela, o Tesouro Nacional oferece títulos de dívida, normalmente de longo prazo, para financiar as atividades do governo.
O que isso significa? Que o Governo Federal banca esses títulos.
Por isso, não é necessário ter um Fundo Garantidor de Créditos, já que a proteção vem do próprio Tesouro.
E você não vai receber um calote do governo. Se isso acontecesse, todo o sistema financeiro do Brasil ruiria, já que as instituições financeiras privadas são as maiores compradoras dos títulos do Tesouro.
Mas existe um outro tipo de risco no Tesouro Direto: o de desvalorização dos títulos.
Sim, isso é possível.
Os títulos prefixados e atrelados ao IPCA têm marcação a mercado, ou seja, sofrem volatilidade ao longo do tempo, antes do vencimento, de acordo com o cenário econômico.
Uma mudança na trajetória da Taxa Selic, por exemplo, certamente vai impactar o valor dos títulos.
Para não sofrer com oscilações negativas, basta segurar o título até o vencimento (quando são pagos os retornos prometidos), vendê-lo em momentos de valorização ou aplicar apenas no Tesouro Selic, que não é menos influenciado do mercado e garante o rendimento.
A seguir, vamos entender melhor os tipos de títulos do Tesouro Direto e suas rentabilidades na comparação com o rendimento da poupança.
Rendimento Tesouro Direto ou Caderneta de Poupança?
Em termos de rentabilidade, o Tesouro Direto ganha em praticamente qualquer cenário, desde que a aplicação ultrapasse os 30 dias necessários para fugir do IOF.
Rentabilidade da poupança
O rendimento proporcionado pela poupança é pequeno e compete de frente com a inflação. Em 2015, quem confiou na caderneta perdeu 2,28% de seu poder de compra. Em 2016, o ganho real, descontada a inflação, foi de 1,9% no ano.
Parece pouco, não? E esses rendimentos não são a exceção: com o cálculo de rentabilidade atual, a poupança nunca será uma maravilha.
Não há cenário no horizonte que projete boas perspectivas.
Para calcular o histórico de rendimento desse investimento, você pode usar uma ferramenta gratuita disponibilizada pelo Banco Central, chamada de Calculadora do Cidadão.
Com ela, você consulta rendimentos entre quaisquer períodos.
Agora, vamos à rentabilidade do Tesouro Direto.
Rentabilidade do Tesouro Direto
Existem três tipos de rentabilidades nos títulos: a prefixada (juro anual predefinido), a vinculada ao IPCA (paga a variação da inflação oficial mais um juro prefixado) e a atrelada à taxa Selic (que paga essa taxa mais um juro mínimo).
Rentabilidades do Tesouro IPCA+ (NTNB Princ)
A rentabilidade do Tesouro IPCA + (NTNB Princ) é definida em um percentual de juros ao ano mais a variação do IPCA do período. A remuneração e o desconto do Imposto de Renda ocorrem apenas no vencimento.
Rentabilidades do Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais (NTNB)
A rentabilidade do Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais também é definida com um juro anual mais a variação do IPCA do período.
A diferença está em sua remuneração, que oferece pagamentos a cada semestre (com incidência do Imposto de Renda a cada seis meses, portanto, e impacto no rendimento líquido).
Rentabilidades do Tesouro Prefixado
O rendimento desse tipo de título é predefinido, e você pode calcular exatamente o valor a ser resgatado no seu vencimento.
Rentabilidade do Tesouro Selic
O rendimento desse tipo de título é completamente vinculado à Selic, a taxa de juros básicos da economia.
Um aumento da Meta Selic eleva o rendimento, e uma redução na meta desfavorece a rentabilidade.
E agora, qual rentabilidade é melhor?
A dúvida entre Tesouro Prefixado, Tesouro IPCA e Tesouro Selic é bastante comum.
Em momentos de queda da Selic, como o atual, o Tesouro IPCA oferece uma forma de investir no longo prazo com blindagem da inflação e um ganho real.
Já o prefixado garante o rendimento definido mesmo que a taxa de juros siga sofrendo cortes.
Mas, se você quiser vender o título antes do vencimento, corre o risco de perder dinheiro.
Nesse caso, especialmente se você está começando nesse universo de investimentos, o Tesouro Selic pode ser negociado sem esse prejuízo, em qualquer momento, pois não tem a mesma volatilidade.
Qual Investimento tem Mais Liquidez: Tesouro Direto Ou Poupança?
Tanto o Tesouro Direto quanto a poupança são investimentos bastante líquidos. Nesse quesito, normalmente a caderneta leva a melhor, mas é preciso pontuar essa comparação com cuidado.
Liquidez da poupança
Muita gente considera que a liquidez da poupança é total, afinal você pode aplicar e resgatar o dinheiro a qualquer momento.
Mas você sabia que a remuneração ocorre apenas uma vez por mês, no aniversário do depósito?
Assim, se você simplesmente decidir resgatar o saldo de uma hora para a outra, pode perder todo o rendimento dos últimos dias.
Liquidez do Tesouro Direto
A liquidez do Tesouro Direto é alta, de D+1. O Banco Central compra qualquer título antes do vencimento e paga o resgate em um dia útil. Você negocia na terça-feira e recebe na quarta-feira, por exemplo.
Dessa forma, títulos do Tesouro Selic podem ser usados dentro daquele colchão financeiro de emergência, aquele portfólio de investimento de alta liquidez usado em qualquer evento extraordinário.
Mas é importante salientar aquela questão já mencionada da marcação a mercado.
Se você vender um título prefixado ou vinculado ao IPCA antes do vencimento, ele poderá valer menos do que quando você o comprou.
Para evitar esse perigo, tome cuidado e estude o mercado ou mantenha uma quantia em títulos Tesouro Selic, que não sofrem essa volatilidade.
Aplicação Mínima e Tributação do Tesouro Direto e Poupança
Na aplicação mínima poupança e Tesouro Direto praticamente não apresentam diferenças.
A poupança não tem um mínimo para o investimento, enquanto o Tesouro Direto exige um aporte de, pelo menos, aproximadamente R$ 30,00 (um pouco mais dependendo do título).
Tributação – IR Tesouro Direto e Poupança
A poupança não sofre qualquer tipo de tributação. Mas lembre-se que esse fato isolado não significa uma vitória para a caderneta em termos de rendimento líquido.
O Tesouro Direto sofre a mesma tributação da maioria de aplicações da renda fixa: IOF, para investimentos inferiores a 30 dias, e Imposto de Renda, cuja alíquota se reduz ao longo do tempo.
IOF
O IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) é um tributo bem pesado. Você vai entender ao analisar abaixo sua tabela, cuja alíquota se reduz conforme o tempo de aplicação, de um a 29 dias.
Veja a tabela do IOF, que vale para Tesouro Direto e outros investimentos:
DIAS APÓS APLICAÇÃO | IOF (EM %) | DIAS APÓS APLICAÇÃO | IOF (EM %) |
---|---|---|---|
15 | 50% | 30 | 0% |
1 | 96% | 16 | 46% |
2 | 93% | 17 | 43% |
3 | 90% | 18 | 40% |
4 | 86% | 19 | 36% |
5 | 83% | 20 | 33% |
6 | 80% | 21 | 30% |
7 | 76% | 22 | 26% |
8 | 73% | 23 | 23% |
9 | 70% | 24 | 20% |
10 | 66% | 25 | 16% |
11 | 63% | 26 | 13% |
12 | 60% | 27 | 10% |
13 | 56% | 28 | 6% |
14 | 53% | 29 | 3% |
Parece exagerada a cobrança de, 96% de IOF para o rendimento de uma aplicação de um dia, não?
Bom, esse é um alerta necessário: os investimentos se beneficiam de prazos mais longos, especialmente no que se refere aos tributos.
A seguir, vamos entender como é calculado o Imposto de Renda.
Imposto de Renda
O Imposto do Tesouro Direto (e muitas aplicações de renda fixa) segue uma tabela, de 22,5% (para menos de 180 dias) a 15% (para mais de 720 dias).
Veja como é a tabela do Imposto de Renda:
PRAZO DE APLICAÇÃO | ALÍQUOTA IR |
---|---|
Acima de 720 dias | 15% |
Até 180 dias | 22,5% |
De 181 a 360 dias | 20% |
De 361 a 720 dias | 17,5% |
O ideal, portanto, em se tratando de investimentos tributáveis, é esperar, pelo menos, dois anos, para garantir a menor alíquota, de 15%.
Nos cálculos, lembre o IR incide apenas sobre a valorização do investimento, e não sobre todo o título, ok?
Tesouro Direto x Poupança: Simulador do Tesouro
Confira abaixo os principais fatores de comparação entre esses dois investimentos, com suas vantagens e desvantagens:
- A poupança pode ser resgatada a qualquer momento (lembrando que o rendimento do mês é pago apenas no aniversário do depósito), enquanto o título do Tesouro Selic precisa ser vendido e entra na conta em um dia útil
- A poupança não tem incidência de IOF ou Imposto de Renda, enquanto o Tesouro Selic segue a tabela do IOF (que começa em 96%) e paga de 22,5% a 15% da valorização no IR
- A poupança não cobra taxas de administração ou custódia, enquanto o Tesouro Direto tem uma taxa de custódia de 0,3% sobre o valor total ao ano cobrada pela BM&FBovespa
- A segurança da poupança se dá através do Fundo Garantidor de Créditos, mantido por instituições financeiras, de até R$ 250 mil por CPF e por conglomerado financeiro, enquanto a segurança do Tesouro Direto advém da garantia do Governo Federal.
Onde Investir: Tesouro Direto ou Poupança?
De maneira geral, quem procura por rentabilidade maior deve investir no Tesouro Direto, já que em períodos de inflação alta a poupança pode significar maiores problemas. Apesar disso, é preciso levar em consideração a necessidade de cadastro em uma administradora e também a necessidade de pagar Imposto de Renda sobre os recebimentos.
Entre Tesouro Direto ou poupança, o Tesouro Direto é a opção mais recomendada, especialmente em períodos de crise econômica e inflação alta. Perdendo rentabilidade e poder de compra, a poupança não é o melhor investimento atualmente, principalmente se o dinheiro precisar ser utilizado em médio prazo.
Quer entender ainda melhor essa tipo de investimento? Leia nosso Guia completo sobre o Tesouro Direto ou o [EBOOK] Renda Fixa.