A poupança ainda tida como um dos investimentos dos brasileiros, sobretudo pela sua praticidade, segurança e liquidez. Qualquer pessoa, cumprindo alguns critérios, pode ter uma conta poupança e as aplicações feitas nela podem ser resgatadas imediatamente.
No entanto, os principais pontos positivos do investimento, podem ser superados facilmente por outras modalidades de investimentos, como as aplicações em renda fixa, por exemplo. Além disso, a rentabilidade da poupança também tem a menor atratividade para todas modalidades de investimento.
Qual o rendimento da poupança?
O rendimento da poupança é definido pelo comportamento da taxa básica de juros da economia, a Selic, mais a variação na taxa referencial.
Em 2012, a, então presidente Dilma Rouseff, determinou que o rendimento da poupança fosse calculado de maneira diferente sempre que o valor da taxa Selic estiver abaixo dos 8,5% ao ano. Portanto, o rendimento da poupança ocorre em dois cenários:
- Se a taxa selic estiver acima de 8,5% ao anos, a rentabilidade da poupança será de 0,5% ao mês mais a taxa referencial;
- Se a Selic estiver abaixo dos 8,5% ao ano, então o rendimento da poupança será de 70% da taxa Selic.
Rendimento da Poupança 2019
Com a taxa Selic em 6,5% ano (em 2019), o rendimento da poupança segue a regra do segundo cenário, portanto: 70% da taxa Selic + TR. Como a TR, por sua vez, está e, 0% o rendimento da poupançã é de 4,55% ao ano (0,7 x 6,5 + 0 = 4,55).
Já para saber o rendimento mensal da poupança, basta dividir o valor do rendimento anual pelo número de meses do ano. Assim, temos um rendimento mensal da poupança em 2019 de 0,3715% ao mês.
Taxa Selic
A Selic, abreviação para Sistema Especial de Liquidação e Custódia, é a taxa básica de juros da economia no Brasil. Ela é usada no mercado interbancário para financiamento de operações diárias, lastreadas em títulos públicos federais.
Nesse sentido, a Selic é usada pelo governo, sob comando do Banco Central, para manter o controle da emissão, compra e venda de títulos.
A taxa é definida a partir de cálculos da taxa média ponderada dos juros praticados pelas instituições financeiras.A Selic hoje está em 6,5% ao ano, porém o indicador pode sofrer variações de acordo com outros fatores da economia.
Confira o gráfico de Meta da Selic do Banco Central:
Taxa Referencial
A Taxa Referencial, surgiu na década de 90, durante o governo Collor, com o objetivo de tentar frear a inflação na época.
Embora não tenha mais o mesmo prestígio que tinha quando foi criada, a TR, ainda é muito importante para a economia brasileira, visto que é ela quem baliza a correção de muitos valores, como o rendimento da poupança, FGTS, Títulos Públicos e alguns financiamento imobiliários.
No entanto, em setembro de 2017, a TR chegou ao seu menor patamar, 0%, e nunca mais voltou a recuperar, e se mantém em 0%.
Como calcular o rendimento da poupança
A poupança funciona como um empréstimo feito pelo cliente ao banco, em troca do capital emprestado ele recebe os juros da aplicação. Portanto, para receber o rendimento mensal da poupança, basta depositar um valor na conta poupança e esperar pelo retorno.
Contudo, é interessante falar que a caderneta de poupança não possui rendimento diário. Nesse sentido, os ganhos são calculados de acordo com taxas mensais e anuais. Assim, se você retirar o dinheiro da poupança antes da data de aniversário da conta, você perde a rentabilidade.
A remuneração dos depósitos de poupança é creditada ao final de cada período de rendimento, ou seja: I) mensalmente, na data de aniversário da conta, para os depósitos de pessoa física e de entidades sem fins lucrativos; e II) trimestralmente, na data de aniversário no último mês do trimestre, para os demais depósitos.
Uma dica importante é fazer depósitos na poupança antes do dia 29, 30 e 31 de cada mês, uma vez que a rentabilidade de aplicações feitas nesses dias só contabilizada no dia 01.
Por fim, vale ressaltar que o rendimento da poupança é nominal, ou seja, não incorpora em seus cálculos efeitos inflação para determinar o ganho real.
Relação entre poupança e inflação
A inflação pode ser a maior inimiga da poupança, dependendo de como estiver o IPCA – Índice de Preços ao Consumidor Amplo, no Brasil. Acontece que, alguns casos, o rendimento da poupança pode ser tão baixo, que é incapaz de cobrir o efeito da inflação.
Nesse cenário, embora pareça que seu dinheiro está rendendo bons frutos, na verdade ele está se desvalorizando em decorrência da perda de valor da moeda.
Para entender melhor, imagine que você tem R$ 30 mil reais para comprar um carro, mas ao invés de comprar o automóvel, coloca o dinheiro na poupança. Um ano mais tarde, você tem em sua conta poupança o valor de R$ 32 mil, ou seja, houve um rendimento de R$ 2 mil.
Então você resolve comprar o carro, porém quando chega na loja o valor do automóvel, que antes era R$ 30 mil, passou para R$ 33.500. Nesse cenário, o valor do carro foi corrigido de acordo com a inflação, enquanto a poupança teve um rendimento tão baixo, que não conseguiu manter o poder de compra.
Portanto, antes de fazer uma aplicação na poupança é necessário fazer uma análise da expectativa de ganho real do investimento, para evitar perdas em decorrência do avanço na inflação.
Vale a pena investir na poupança?
A poupança é uma das aplicações mais usadas pelos brasileiros, sobretudo pela praticidade e pela segurança.
Qualquer cidadão pode abrir uma conta poupança e fazer aplicações. Além disso, ao transferir dinheiro para a poupança, o investidor fica resguardado pelo Fundo Garantidor de Crédito – FGC.
Ou seja, se instituição na qual o dinheiro está aplicado quebrar, o FGC devolve a quantia ao investidor, para aplicações de R$ 250 mil por CPF/por grupo financeiro e sob o teto de R$ 1 milhão. Além disso, o investimento é livre de impostos.
Contudo, o que parece ser uma super vantagem, pode não ser tão interessante assim, visto que não é uma exclusividade da poupança. Muitos outros investimentos em renda fixa, com rentabilidade muito maior, aliás, também são garantidos pelo FGC, como CDBs, RBDs, LCIs e LCAs.
Além disso, existem os títulos públicos, que não contam com a proteção do FGC, mas são garantidos pelo Governo Federal, que é mais seguro que o FGC inclusive.
Outro fator que atrai uma grande quantidade de investidores é a liquidez, que no caso da poupança é imediata. Para resgatar o dinheiro, basta transferi-lo para sua conta corrente e pronto. Muitas vezes é possível fazer resgate automático usando o cartão, ou fazendo saque diretamente da poupança.
No entanto, existem muitos outros investimentos que contam com bom nível de liquidez. Os CDBs, por exemplo, podem pagar mais de 100% do CDI e oferecem liquidez diária.
Nesse caso, você pode resgatar o dinheiro a qualquer momento e ele estará disponível na sua conta no próximo dia útil. Obviamente não é imediato quanto a poupança, mas pode valer a pena por conta da maior rentabilidade.
Além disso, a maior parte dos investimentos que contam com liquidez diária, também têm rentabilidade diária. Nesse sentido, ao contrário do ocorre com a poupança, todo dia você está ganhando rendimento sobre o valor aplicar, mesmo antes do prazo definido.
Nesse sentido, se comparado a outras modalidades de investimento disponíveis no mercado, a poupança não se traduz em um bom investimento. Os produtos de renda fixa, por exemplo, possuem características parecidas, porém com maiores vantagens.
Além disso, a questão o rendimento de poupança, pode ser outro fator negativo da aplicação. Como dissemos, em alguns casos, ele pode ser tão baixo que nem consiga corrigir a inflação, gerando perda de poder de compra do investidor.