Fundo de renda fixa. Você sabe o que é? Sabe como ele funciona? E quais sãos os principais tipos de fundos de renda fixa?
Essas são dúvidas comuns entre muitos investidores.
Em tempos de crise, é muito comum que investidores privilegiem aplicações em fundos de renda fixa, que são mais seguros e previsíveis.
No entanto, é preciso saber como funcionam esses fundos e quais são os principais à disposição de investidores no mercado. Pensando nisso, preparamos algumas dicas que podem esclarecer as dúvidas mais comuns sobre esse tema. Confira.
Acredite em mim: entender o que é um fundo de renda fixa com certeza pode ajudá-lo em diversas situações.
Esse conhecimento também pode ajudá-lo a entender como funciona outros tipos de fundos, como o de ações, de multimercados e cambiais.
Além disso, vou apresentar outros conceitos importantes que você definitivamente precisa dominar para ter sucesso financeiro, como o próprio significado de “renda fixa” e “fundos de investimento”.
O que são Fundos de Renda Fixa
Inicialmente, devemos esclarecer que fundos de renda fixa são uma categoria de fundos de investimento. Diferente de outros fundos, estes têm um percentual (80%, em geral) pré-determinado de investimentos em aplicações de renda fixa (títulos do tesouro, CDB pré-fixado, entre outros).
Essa característica faz com que seus rendimentos sejam mais previsíveis e constantes, normalmente acompanhando as taxas de juros do mercado (como a Selic, por exemplo), ou os principais índices de inflação.
Quando se aplica dinheiro nesse fundo, o investidor adquire uma “quota”. Em conjunto, todas as aplicações são destinadas a diversos tipos de investimento, com o objetivo de maximizar os rendimentos, ainda que com mais previsibilidade.
Quais os Tipos de Fundos de Renda Fixa?
Como eu expliquei neste artigo, os fundos de investimentos podem ser divididos entre fundos de renda fixa, de ações, multimercado ou cambial.
Porém, cada uma dessas classes ainda pode ter suas próprias divisões.
Essa também é uma classificação que foi determinada pela ANBIMA.
Em resumo, podemos dizer que a classificação leva em conta três níveis:
- Classe dos ativos
- Tipo de gestão e riscos
- Principais estratégias
Em se tratando dos fundos de renda fixa, o primeiro nível (classe de ativos) representa os próprios ativos de renda fixa.
No segundo nível, os fundos são classificados conforme o tipo de gestão (passiva ou ativa) e os riscos.
No caso da gestão ativa, ainda existe a classificação de acordo com a sensibilidade à taxa de juros.
Portanto, o segundo nível é dividido em:
Renda Fixa Simples
São os fundos que possuem as características definidas pelo artigo 113 da Instrução nº 555da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Os fundos de renda fixa simples devem:
- Possuir no mínimo 95% da carteira composta por títulos públicos ou títulos privados com o mesmo grau de risco;
- Ser constituído como aberto;
- Realizar operações com derivativos somente para fins de proteção de carteira;
- Divulgar suas informações e documentos preferencialmente por meios eletrônicos.
Indexados
Os fundos de renda fixa indexados são aqueles que têm como objetivo seguir as variações de indicadores de referência do mercado de renda fixa.
Os ativos geralmente usam como indicador o CDI ou índices de inflação, como o IPCA ou IGP-M.
Esses fundos são classificados de acordo com o índice de referência escolhido.
Ativos
Os fundos de renda fixa ativos são aqueles que não se encaixam em nenhuma das categorias anteriores.
Aqui eles são classificados de acordo com dois parâmetros: a duração média ponderada da carteira e o risco de crédito dos títulos.
Quanto a duração média ponderada da carteira, que determina o quanto os títulos estão expostos a oscilações nas taxas de juros, temos as seguintes categorizações:
- Duração baixa: fundos cuja duração média ponderada dos títulos da carteira é inferior a 21 dias, com pouca exposição à oscilações na taxa de juros;
- Duração média: fundos cuja duração média ponderada dos títulos da carteira é inferior ou igual à do IRF-M (índice da ANBIMA com base nos títulos públicos federais prefixados) apurada no último dia útil de junho; com exposição limitada a oscilações nas taxas de juros;
- Duração alta: fundos cuja duração média ponderada dos títulos da carteira é igual ou superior à do IMA-GERAL (índice da ANBIMA com base em todos os títulos públicos federais) apurada no último dia útil de junho, com maior exposição às oscilações de taxas de juros futuros;
- Duração livre: sem exigências de limites mínimos ou máximos para a duração da carteira.
Já no risco de crédito, que compõe o terceiro nível dos fundos de renda fixa, é analisada a possibilidade de o emissor do título de dívida não pagar seu compromisso.
Quanto a esse parâmetro, os fundos de renda fixa ativos podem ser classificados em:
- Soberano: fundos em que 100% da carteira é composta por títulos públicos federais, que são os mais seguros disponíveis no mercado;
- Grau de investimento: fundos em que, no mínimo, 80% da carteira é composta por títulos públicos federais ou títulos de grau de risco equivalente a eles;
- Crédito livre: fundos que investem mais de 20% em ativos de médio e alto risco de crédito.
Vale ressaltar que essas duas últimas classificações são independentes.
Um fundo de renda fixa pode ser classificado como Duração Alta Soberano, enquanto outro pode ser Duração Livre Crédito Livre, por exemplo.
Investimento Exterior
Ainda há uma última categorização para os fundos de renda fixa, ainda no terceiro nível, que está relacionada ao investimento em títulos de renda fixa no exterior:
- Investimento no Exterior: fundos que investem mais de 40% do patrimônio líquido em ativos financeiros no exterior;
- Dívida Externa: mínimo de 80% do patrimônio líquido em títulos representativos da dívida externa.
E os fundos DI?
A nova classificação da Anbima, que estamos seguindo aqui, excluiu a categoria própria dos fundos DI, produto cujo objetivo é acompanhar a taxa de juros do CDI. A grande maioria deles está enquadrada, agora, como Renda Fixa Duração Baixa Soberano ou Renda Fixa Duração Baixa Grau de Investimento.
Quais são as vantagens dos fundos de renda fixa?
Os fundos de renda fixa são bastante fáceis de investir e operar. O investimento inicial exigido geralmente é baixo, e todo o trabalho de seleção e compra dos ativos, que pode ser bem difícil para um investidor iniciante, fica a cargo do gestor.
Diversificação
O volume financeiro disponível para o gestor de um fundo permite que ele negocie melhores prazos, taxas e rentabilidade para os investimentos que fará. Os valores disponíveis também permitem a compra de papéis que, nem sempre, o investidor individual poderia adquirir.
Por exemplo, se em um mesmo dia aparecer um CDB com uma excelente rentabilidade e valor mínimo de investimento de 1 milhão de reais e surgir uma Debênture Incentivada com menor prazo para resgate e uma rentabilidade um pouquinho superior, qual seria sua escolha? O gestor do fundo poderia escolher os dois papéis para investir, pois o volume de recursos disponíveis é muito maior que de um investidor individual.
Ou seja, os fundos permitem a diversificação ao comprar papéis com diferentes características, como prazo de pagamento, taxas acordadas e emissores. Isso nem sempre é possível ao investidor individual, dados os riscos e necessidades de aporte inicial que cada papel possui.
A diversificação também reduz significativamente o risco. Lembra do caso da Oi que mencionei nesse texto? Agora imagine que num fundo, mesmo dando problema no título, a exposição do patrimônio total estivesse na casa de 0,5% do total: mesmo assim, a carteira toda estaria protegida!
Gestão profissional
Calcular os riscos, entender a volatilidade pela qual cada papel pode passar e saber a hora certa de vender um título para obter um retorno até mesmo superior à taxa acordada inicialmente são tarefas que apenas os investidores mais experientes conseguem.
Os gestores de fundos são profissionais do mercado financeiro acostumados com esse tipo de análise e, por isso, conseguem melhorar a performance e rendimento dos investimentos em renda fixa.
Praticidade
Não é uma tarefa simples acompanhar uma carteira de investimentos bem diversificada. Ao aplicar em fundos de renda fixa você irá simplificar esse acompanhamento e, em apenas um extrato, terá todas as informações sobre seus rendimentos.
Além disso, você investirá em títulos de diversas instituições, sem precisar abrir contas em diversas corretoras ou bancos, afinal, o gestor do fundo é que terá o papel de comprar e vender os títulos.
Liquidez
Outra vantagem é a liquidez diária que muitos desses fundos oferecem. Em fundos com resgate em D+0 (a letra “D” significa dia e o número diz respeito aos dias úteis, ou corridos até você receber o dinheiro), é possível solicitar um resgate e receber o dinheiro investido de volta no mesmo dia. Isso torna esses fundos uma boa opção para a reserva de emergência.
Não se pode esquecer, também, que há fundos de renda fixa atrelados à inflação, que podem ser uma boa opção para quem quer proteger o poder de compra do dinheiro no longo prazo, visando a aposentadoria.
Quais as desvantagens dos fundos de renda fixa?
A operação de um fundo de renda fixa é bem mais simples que a de um fundo de ações ou um multimercado, que são fundos que exigem mais pesquisa, análise e desenvolvimento de estratégia. Por isso, a taxa de administração cobrada nos fundos de renda fixa pode ser menor.
Porém, isso não é o que acontece: grandes bancos geralmente cobram percentuais elevados, principalmente em fundos cujo investimento inicial exigido é baixo. E essa alta taxa de administração pode comprometer seriamente os rendimentos — em alguns casos, o fundo de renda fixa pode se sair até pior do que a poupança!
Outro aspecto que pode comprometer a rentabilidade é a alíquota semestral de Imposto de Renda, também chamada de “come-cotas”. Em outros produtos de renda fixa, a tributação ocorre apenas no momento do resgate, o que faz com que o dinheiro do imposto fique investido por mais tempo, rendendo mais.
Há também o risco de crédito: que se refere a chance de uma instituição financeira não conseguir cumprir com suas obrigações e falir. É importante ressaltar que bancos menores são mais arriscados neste sentido, pois a chance de não pagar suas dívidas é maior se comparada a um banco maior ou ao Governo Federal.
No entanto, exatamente por apresentar relativa maior segurança e solidez, bancos grandes tendem a cobrar juros mais altos que são revertidos em altas taxas de administração e outros encargos. É interessante ficar atento se de fato compensa investir em uma instituição maior e ter rendimentos menores.
Além disso, é preciso lembrar que esse investimento não conta com a proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), como acontece ao se investir diretamente em CDBs, LCIs e LCAs. Ou seja, se a instituição financeira der calote, o investidor perde o dinheiro investido.
Como investir em Fundos de Renda fixa?
Cada fundo de renda fixa tem sua regra específica de funcionamento, e é preciso verificar quais fundos mais se adequam a suas necessidades como investidor. Por exemplo, há aqueles que exigem um valor mínimo para adquirir cotas e outros que exigem que o cotista esteja vinculado, por meio de conta-corrente, a uma instituição financeira ou perfil de cliente.
Em meio ao ciclo de cortes na taxa básica de juros, os fundos de renda fixa que já vinham perdendo competitividade frente a poupança podem ficar menos atrativos com o corte de 0,5 ponto percentual na Selic anunciado nesta quarta-feira (6) pelo Banco Central.
O novo patamar da Selic veio em linha com a expectativa do mercado, com queda da taxa de 7,5% para 7% ao ano – no menor valor histórico. Neste cenário, os fundos de renda fixa perdem ainda mais competitividade frente às cadernetas de poupança.
Isso deve ocorrer, segundo a Anefac (Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), principalmente nas aplicações de baixo valor em que esses fundos de investimento cobram taxas de administração mais elevadas.
A tabela abaixo mostra o rendimento líquido mensal dos fundos de renda fixa considerando a nova Selic de 7% ao ano, o imposto de renda de acordo com o prazo de resgate destas aplicações e as taxas de administração cobradas.
Veja as simulações:
Amarelo: poupança é melhor investimento
Vermelho: fundo é melhor investimento
Cinza: fundo e poupança têm o mesmo rendimento
Com a Selic em 7% ao ano, as contas da poupança passam a ter rendimento de 70% da Selic + TR, o que corresponde a um ganho mensal de 0,40%, e não sofre qualquer tributação.
Para os fundos de renda fixa foi considerado custo da taxa de administração cobrada pelos bancos entre 0,50% aa até 3% aa – padrão utilizado no sistema financeiro.
Conforme pode ser observado na tabela, com a Selic em 7% aa, a poupança já ganha dos fundos na maioria das situações. Quanto menor for o prazo de resgate da aplicação e maior for a taxa de administração cobrada pelo banco, maior será a vantagem da poupança frente aos fundos.
Fundo DI, CDB ou Tesouro Direto?
Quais os Melhores Fundos de Renda Fixa
Alguns fundos de renda fixa disponíveis atualmente têm apresentado boas taxas de retorno a seus cotistas. Confira uma lista com alguns deles:
- Porto Seguro FI Referenciado DI Crédito Privado: taxa de administração de 0,40%, investimento mínimo de R$ 20.000,00 e rendimento de 105% CDI ao ano.
- Sul América Crédito Ativo FI Multimercado CP: taxa de administração de 0,60% ao ano, investimento mínimo de R$ 25.000,00 e rendimento de 104% CDI ao ano.
- XP Referenciado FI Referenciado DI: taxa de administração de 0,25%, investimento mínimo de 3.000,00 e rendimento de 102% CDI ao ano.
Esses são apenas alguns exemplos de fundos de renda fixa no mercado. É possível encontrar vários outros em instituições financeiras. Aproveite para saber mais informações sobre fundos de investimento aqui!
Quando Investir em Fundos de Renda Fixa?
Quando o investidor aceita uma pequena parcela de risco em troca de um ganho acima do CDI, ele deve investir im tipo de Fundo Renda Fixa, em detrimento dos Fundos Referenciados DI.
O pequeno risco existente está atrelado ao crédito da empresa, ou seja, a parte do fundo destinada a ativos de crédito (entre 0% e 20% depende do fundo), que é dividida em títulos de crédito de diversas grandes empresas (mínimo 10), que podem em algum momento atrasar o pagamento de suas dívidas e prejudicar a rentabilidade do fundo.
Veja no gráfico como as rentabilidades são diversas, podendo existir fundos (em vermelho) que NÃO superam consistentemente o CDI (em preto), como fundos que conseguem superar o mesmo.
Quais os melhores fundos de renda fixa?
Vale a Pena Investir em Fundo de Renda Fixa
Essa é uma pergunta que, infelizmente, não possui uma resposta pronta.
A melhor que eu poderia dar é: depende.
Como existem vários fatores ligados a escolha de um fundo, é difícil dar uma resposta certeira sem antes conhecer muito bem o perfil de cada investidor e seus objetivos financeiros.
Essa é, inclusive, a essência da alocação de ativos, a melhor estratégia para investimentos na minha opinião.
Mas uma coisa é certa: os fundos de renda fixa são ativos bem interessantes e que definitivamente podem ajudar os investidores em alguns casos.
Considerando uma liquidez diária e uma rentabilidade que consiga devolver pelo menos 100% do CDI, esses fundos poderiam ser uma ótima alternativa para a reserva financeira.
Portanto, tenha em mente as vantagens e desvantagens dos fundos de renda fixa antes de optar por aplicar em um.
Se já tiver decidido a investir nessa categoria, mas ainda está em dúvidas sobre qual fundo escolher, recomendo a ferramenta de comparação de fundos do site Vérios Investimentos.
Essa é uma ótima ferramenta que pode ajudar a decidir entre um fundo e outro.
Com essas informações em mãos, fica mais fácil aplicar em fundos de renda fixa. Você ainda tem dúvidas sobre como eles funcionam? Deixe aqui nos comentários suas perguntas! Participe!