Alguma vez você já ouviu falar ou pensou sobre a necessidade de fazer um rebalanceamento na sua carteira de investimentos?
O rebalanceamento de carteira permite ao investidor equilibrar o peso de cada tipo de ativo no seu portfólio, mantendo uma estratégia definida de investimento mesmo quando um determinado tipo de aplicação passa por forte valorização ou desvalorização.
O que é rebalanceamento de carteira
Como o próprio nome sugere o relabanceamento de carteira consiste no ato de reajustar posições em cada tipo de ativo para reequilibrar sua carteira de investimentos para a alocação base definida previamente.
Suponha, por exemplo, que você tem uma carteira de investimentos composta por ativos de renda fixa e ações e cada classe tem peso igual de 50%.
Agora imagine que em determinado ano seus ativos de renda variável se desvalorizaram em 10% ,ao passo que sua renda fixa subiu 10%.
A composição da sua carteira, nesse caso, passou a ser a seguinte: 55% em renda fixa e 45% em renda variável. Dessa forma, seu portfólio agora tem um nível de exposição para cada produto diferente do que você havia planejado no começo.
Para rebalancear sua carteira e trazer as alocação para a estratégia original, nesse exemplo, você terá que vender 5% da sua renda fixa e comprar 5% de renda variável.
Como você pode ver o rebalanceamento de carteira funciona justamente como uma balança, que visa equilibrar a composição dos seus investimentos conforme sua estratégia.
Benefícios do rebalanceamento de carteira
Como dissemos, o rebalanceamento de carteira é uma medida importante que deve ser aplicada para reequilibrar seu investimento, mas não é só isso.
Esse tipo de estratégia ainda pode oferecer outros benefícios aos investidores. Veja alguns deles:
Mantém a carteira de acordo com seu perfil
Quando você monta um carteira de investimentos deve levar em consideração seu perfil de investidor e isso vai definir qual o percentual vai ser alocado em cada classe de ativo.
O rebalanceamento, nesse sentido, vai servir para manter sua carteira sempre adequada ao seu perfil de investidor.
Suponha, por exemplo, que você tenha um perfil mais conservador, e portanto montou uma carteira composta 20% de ativos de renda variável e 80% de ativos de renda fixa.
Contudo, nos dois anos seguintes a bolsa de valores se valorizou muito e ao final do período, a sua carteira estava composta por 65% de renda variável e 35% de renda fixa.
Você concorda que agora sua carteira está muito mais agressiva, o que vai na contramão do seu perfil mais conservador?
Nesse caso, caso haja uma crise, como a do coronavírus, por exemplo, sua carteira vai estar muito mais exposta ao risco do que o que você consegue suportar e isso pode trazer grandes frustrações.
Ao fazer o rebalanceamento da sua carteira, no entanto, você reequilibra seus investimentos e mantém a carteira a carteira adequada ao nível de risco que você está disposto a aceitar.
Minimiza os riscos de longo prazo
Você certamente já ouviu falar que no mercado financeiro o risco é proporcional ao retorno certo?
Nesse sentido, os ativos de renda variável, que são mais arriscados ou tendem a ter maiores oscilações, tendem a exibir um retorno maior em relação a renda fixa.
Assim, com o passar do tempo é muito possível participação desses investimentos na sua carteira aumente e, consequentemente, o risco também.
Portanto, quando você vende seus ativos de renda variável depois uma boa alta na bolsa e aplica em renda fixa, diminui seus riscos caso haja uma movimentação forte de queda no mercado de renda variável.
Essa é uma estratégia muito comum entre os investidores mais experientes.
Em geral, depois de uma valorização muito forte, os investidores que já conhecem melhor o mercado, tendem a diminuir sua posição em renda variável e assim diminuem o risco e ainda podem fazer uma reserva para aproveitar oportunidades no futuro.
Vender na alta e comprar na baixa
Rebalancear sua carteira consiste em vender aqueles ativos que se valorizaram demais e investir mais naqueles que não tiveram um retorno tão bom.
Nesse sentido, não precisa de nenhuma ferramenta elaborada ou análise complexa para saber a hora de vender seus ativos.
Basta acompanhar a evolução da sua carteira e vender ou comprar ativos para rebalanceá-la.
Além disso, como esse movimento é automático, o risco de interferência emocional na tomada de decisão é minimizado, o que pode tornar os investimentos mais assertivos.
Quanto o rebalanceamento realmente melhora os retornos?
Um estudo sobre o “bônus de reequilíbrio” em uma peça publicada em 1996, mostra a eficiência do rebalanceamento de portfólio . No artigo, Bernstein mostrou que as carteiras reequilibradas frequentemente podem capturar retornos excedentes em comparação com as carteiras deixadas em paz.
Sua literatura foi muito influente e gerou uma grande quantidade de análises sobre o assunto por empresas como Sigma Investing, SmithBarney Consulting Group, Morgan Stanley e Vanguard.
É geralmente aceito que o rebalancear o portfólio superará um portfólio deixado à deriva, dadas as seguintes condições:
Taxas semelhantes de retorno entre diferentes classes de ativos
Os retornos em diferentes classes de ativos precisam ser semelhantes para que o reequilíbrio seja eficaz. Caso contrário, se o crescimento de um ativo for muito menor, cada reequilíbrio levaria dinheiro do ativo vencedor para o perdedor.
Ativos não correlacionados ou correlacionados negativamente
Uma correlação mais baixa faz com que o retorno dos ativos se compense, reduzindo a volatilidade geral. Isso acelera a composição dos retornos e aumenta os valores do portfólio ao longo do tempo. Quanto maior a correlação, menor a diferença de retorno entre as diferentes classes de ativos, para que o reequilíbrio supere a participação.
Alta variação nas classes de ativos individuais
As altas variações levam a certos períodos de tempo em que determinadas classes de ativos terão um desempenho significativamente superior ao portfólio e outros períodos em que os mesmos ativos terão um desempenho significativamente inferior ao portfólio. Quando superando, um reequilíbrio terá lucros com a venda. Quando o desempenho é baixo, um reequilíbrio desencadeia uma compra pelo preço mais baixo.
A reversão média ocorre no mesmo ciclo em que o reequilíbrio ocorre
Quando os ativos têm tendências de reversão de média, é mais provável que eles apreciem se tiveram um desempenho inferior no passado. Durante um reequilíbrio, fundos adicionais são investidos em ativos com baixo desempenho. À medida que o desempenho volta à média, os retornos gerais aumentam.
Métodos para rebalanceamento de carteira
Se você está pensando em começar a adotar a estratégia de rebalanceamento de carteira, está totalmente certo, mas é importante saber saber não existe somente uma maneira de fazer isso.
As técnicas para rebalanceamento de carteira são diversas e escolha da melhor fica a cargo do investidor. Porém, existem dois métodos que são mais conhecidos no mercado:
- Rebalanceamento por tempo
- Rebalanceamento por desvio percentual
Rebalanceamento por tempo
O rebalanceamento por tempo (calendário) consiste em reavaliar sua carteira a cada certo período de tempo, que você pode definir. Pode ser a cada três, seis, nove meses ou até um ano, por exemplo.
Suponha que você tenha escolhido um período de 6 meses para reavaliar seu portfólio e inicialmente montou uma carteira composta 40% por ativos de renda variável e 60% composta por renda fixa.
Passado seis meses, você nota que sua carteira está 50% composta por renda variável e 50% por renda fixa. Então você vende 10% da parte de renda variável e aloca em ativos de renda fixa para rebalencear seus investimentos.
Assim, você adequou novamente sua carteira a sua estratégia inicial.
O método de rebalanceamento por tempo permite que o investidor passe menos tempo acompanhando o mercado, portanto pode ser interessante para os investidores que não gostam e não querem despender muito tempo nessa atividade.
Além disso, você pode adequar o período de tempo a um determinado momento que precise resgatar dinheiro.
Por exemplo, pense que você queira sacar certa quantia todo final de ano para fazer uma viagem.
Nesse caso você pode programar seu rebalanceamento para esse período e assim aproveita para resgatar a parte do dinheiro aplicado, facilitando o rebalanceamento.
Por outro lado, esse modelo de rebalanceamento fica suscetível à crises repentinas que podem impactar demais os investimentos.
Em decorrência da crise gerada pela pandemia do coronavírus, por exemplo, a bolsa de valores chegou a perder mais 40% do seu valor em menos de dois meses.
Nesse caso, um investidor que fez seu rebalanceamento em dezembro de 2019 e pretende refazê-lo apenas no mesmo mês de 2020, corre o risco de ser brutalmente impactado por esse cenário de crise e perder grandes oportunidades de investimentos.
Rebalanceamento por desvio percentual
Outro método de rebalancemanto de carteira é por desvio percentual, método que acredito ser o mais assertivo.
Nesse caso, o investidor reavalia sua carteira sempre que o peso dos ativos no seu portfólio atinge o limite de variação.
Suponha que você tem uma carteira composta 50% por ativos de renda variável e 50% por ativos de renda fixa, e a máxima variação que você aceita é de 20% para cada classe de investimento.
Nesse sentido, cada vez que o peso de um determinado tipo de ativo na sua carteira subir ou cair mais de 20% você faz o rebalanceamento.
Como sua alocação inicial é de 50% para renda variável e de 50% para renda fixa, você só irá rebalancear sua carteira quando determinada classe de ativo chegar ao limite mínimo de 40% ou no limite máximo de 60%.
Como você pode perceber, para definir os valores não basta apenas somar ou subtrair os percentuais.
Uma multiplicação nesse caso é mais é mais eficiente. Isso porque não faz sentido, por exemplo, um desvio percentual de 50% em uma alocação de 20%.
Além disso, tirar 20% de 40% é diferente de tirar 20% de 80%.
Portanto, para chegar aos valores do nosso exemplo, você pode usar os seguintes cálculos:
- Limite máximo: 0,5 x (1-0,2) x 100 = 40%
- Limite mínimo: 0,5 x (1+0,2) x 100 = 60%
O método de rebalanceamento de carteira por desvio de percentual, por não estar ligado ao tempo, mas sim ao desvio da carteira, exige do investidor um acompanhamento mais intenso do mercado.
Só assim, você vai conseguir para saber quando um determinado tipo de investimento ultrapassou seu limite mínimo ou máximo definidos pela sua estratégia.
Por outro lado, ele é mais eficiente para absorver as mudanças do mercado, mesmo que sejam repentinas.
De qualquer modo, independente do método escolhido, fazer o rebalanceamento de carteira de é muito importante para qualquer investidor.
Isso permite manter sua carteira sempre adequada e ainda pode trazer outros grandes benefícios, como a oportunidade de vender em momento de alta e comprar quando o mercado está em baixa.