Mesmo com um cenário positivo para a renda fixa, com perspectiva de alta na taxa de juros e com a inflação ainda em alta, apesar das medidas tomadas pelo Banco Central, algumas pessoas podem estranhar o fato de que, às vezes, estes ativos apresentam desvalorização. Isso acontece por uma razão: marcação a mercado.
Um termo não tão conhecido assim, ele será um dos temas dos painéis da quinta edição da Money Week, evento online e gratuito da EQI Investimentos, que acontece entre os dias 25 e 29 de outubro.
Mas, voltando à marcação a mercado, vamos entender melhor o que ela significa?
Marcação a mercado: o que é?
Que a renda fixa voltou aos holofotes nos últimos meses todo mundo sabe – não que tenham, necessariamente, saído: o brasileiro continuou comprando esses títulos mesmo quando o cenário não estava favorável para eles (para não dizer negativo).
Após cerca de um ano com os juros no Brasil em níveis muito baixos na comparação com a média histórica, o Banco Central deu início, em março de 2021, a um ciclo de altas da Selic, tentando conter a inflação.
Se as taxas estão melhores, é normal que as pessoas busquem fazer mais investimentos na renda fixa. O que deixa muitos perdidos é o fato de que, mesmo com o juros subindo, alguns de seus ativos acabam por se desvalorizar .
Um exemplo básico de como isso funciona é imaginar o cenário atual.
A Selic encontra-se, neste momento, fixada em 6,25% ao ano. Mesmo com o ciclo de alta tendo começado já há algum tempo, porém, a inflação continua avançando e, por isso, alguns especialistas em mercado financeiro chegam a ver que ainda neste ano o Banco Central elevará essa taxa para acima de 8% – o Focus, boletim que capta semanalmente a percepção do mercado, já prevê taxa básica de juros em 8,25% até dezembro e em 8,75% em 2022.
Quem comprou um título recentemente, prefixado em relação à Selic, por exemplo, pode ver o seu ativo desvalorizar no caso de novas altas do juros. Isso acontece porque, se esse cenário se consolidar, o esperado é que novos títulos venham com melhores taxas, desvalorizando aqueles com menores taxas.
Imagine que você comprou hoje um título do Tesouro Direto prefixado com uma taxa de remuneração de 5% ao ano. Algum tempo depois, a taxa básica de juros subiu e vários outros títulos que pagavam mais foram lançados no mercado. Nesse caso, o seu investimento vai ficar menos atraente.
É por isso que, recentemente, muitas pessoas viram o valor nominal dos seus títulos desvalorizarem consideravelmente.
Cenário para juros ainda é incerto
Apesar de o Banco Central ter começado a elevar a taxa Selic já há algum tempo, a inflação continua avançando. O IPCA, indicador oficial de inflação do país, alta de 1,16% em setembro, a maior para o mês desde 1994.
Com isso, o mercado passou a esperar juros ainda maiores e os contratos e títulos mais antigos acabam desvalorizando. Simplesmente porque o provável é que, no futuro, os títulos pagarão mais do que os atuais.
Muitas pessoas confundem essa relação e acham que simplesmente vão ganhar mais dinheiro se a taxa de juros subir. Mas, neste caso, por exemplo, quando a taxa de juros aumenta, o Preço Unitário do título cai.
É necessário ter em mente, porém, que a marcação a mercado vale apenas para resgates antes do vencimento do título. É muito importante lembrar que, se você ficar com o título até a data de vencimento, vai receber exatamente a remuneração combinada no início.
Além disso, entender a dinâmica de como funcionam esses títulos, seus tipos de rentabilidade, também é algo interessante.
Entender dinâmica da renda fixa é algo necessário para fazer bons aportes
Não são todos os títulos atrelados à Selic, por exemplo, que se desvalorizaram por conta da perspectiva de alta do juros no futuro. Os pós-fixados, títulos que pagam rendimentos após o fim do vencimento definido, tendem a, geralmente, se valorizar por conta da mesma tendência – isso porque eles pagam a variação no fim do período e se a alta ocorrer, o investidor ganhará. Os indexados também acabam por oscilar, acompanhando as variações.
A marcação a mercado é definida, principalmente, pela rentabilidade. Mas ainda há outros pontos que podem influenciar em seu preço. Exemplo disso é a liquidez. Para investimentos de maior liquidez, a marcação a mercado é mais rápida e se baseia no fechamento dos preços ao fim do dia.
Muitos apontam que a renda fixa é a “queridinha dos brasileiros” por ser um tipo de investimento mais simples. Talvez seja mais simples investir nesses títulos do que em ações, por exemplo, mas isso não quer dizer que não seja necessário ter dedicação para entender o processo. Atitudes erradas podem custar parte do seu patrimônio.
