Os fundos de investimentos têm se tornado cada vez mais procurados pelos investidores. A maior demanda por esses investimentos é gerada, sobretudo, pela vontade de obter maior rentabilidade e diversificação, sem ter a necessidade de se preocupar em administrar diretamente sua carteira.
Ao comprar a cota de um fundo, o investidor passa a investir em todos os ativos que compõem a sua carteira, o que muitas vezes é inviável de se fazer sozinho, seja pelo tempo ou pelos custos operacionais, além da diversificação, os fundos de investimento oferecem uma estrutura formal, com profissionais qualificados para gerir seus investimentos com base em vários pilares: retorno, liquidez e risco.
Antes de iniciar seus investimentos em fundos, vou te explicar como esses investimentos funcionam, e apresentarei ao final do texto um estudo sobre o tema.
O que é um fundo de investimento?
Pode ser entendido como um condomínio de investidores alinhados em uma mesma tese de investimento. Sua regulação passa pela CVM – se são gestoras – ou pela SUSEP – se são fundos de previdência privada.
Como funciona o setor?
No começo de 2019, a indústria de fundos como um todo possuía um total de R$4,8 trilhões em ativos sob administração. Os bancos comerciais múltiplos, geram 75% deste montante, sendo o restante distribuídos entre aproximadamente 560 gestores independentes, que ano após ano, vem aumentando sua fatia de mercado.
Como investir?
Com a popularização das plataformas digitais, os investimentos em produtos financeiros têm se tornado cada vez mais comum para os brasileiros. Por meio de sua plataforma (seja ela banco, corretora), você tem acesso aos produtos que, no passado, só estariam disponíveis para os investidores mais abastados.
Outra facilidade que temos hoje são as ferramentas gratuitas que nos ajudam a fazer análises e comparações. Ao longo do texto apresentaremos um estudo relacionado a rentabilidade dos fundos.
Quais são os tipos de fundos?
- Renda fixa: estratégias e carteiras que investem primordialmente em títulos públicos e títulos de dívida de empresas;
- Ações: Os fundos de ações investem em companhias abertas listadas em bolsa e são destinados a investidores que querem uma apreciação substancial do seu capital;
- Multimercados: essas modalidades de fundos têm a liberdade de investir em uma diversidade de ativos, como juros, moedas, ações, commodities, dentre outros. Muitas vezes, buscam distorções nas curvas de juros, assim como arbitragens – ou a possibilidade de lucrar com divergências nos preços de ativos similares – entre moedas e países;
- Fundos imobiliários: esses fundos são recomendados para investidores que buscam uma renda recorrente . Existe uma diversidade de projetos que em estes fundos podem atuar, como desenvolvimento de shoppings, edifícios comerciais e residenciais, condomínios horizontais, dentre outros;
- Fundos de Previdência: têm como objetivo a geração de renda para a aposentadoria do investidor;
- Fundos cambiais: são recomendados para a proteção do capital em moeda forte;
- Fundos de direitos creditícios, ou FDICs: esses fundos investem basicamente em direitos creditórios das empresas como antecipação de duplicatas, parcelas de cartão de créditos e duplicatas;
- Fundos de Venture Capital: objetivam o investimento em empresas ainda em fase de desenvolvimento em que seus negócios, embora promissores, ainda não se consolidaram;
- Fundos de Participações: são conhecidos como fundos de Private Equity, e buscam empresas já maduras de médio e grande porte, com alto potencial de valorização. O foco da sua estratégia é fazer uma reviravolta administrativa no companhia em que investem, assim como consolidar aquisições em setores específicos;
- Fundos Off Shore: são fundos para fazer investimentos fora do país em diversas modalidades;
- Fundos de Infraestrutura: sua estratégia busca projetos promissores na área de infraestrutura, como geração de energia eólica, elétrica ou solar, assim como projetos para portos e estradas;
Momentum ou Reversão – Média nos Fundos Multimercados
Todos os anos, as casas de gestão divulgam relatórios de performance. As revistas premiam aqueles com melhor desempenho. Qual é o resultado disso? Apresentaremos a você um estudo onde se utilizou de base os dados dos fundos disponíveis na plataforma do BTG Pactual.
Para tanto, foram montadas duas cestas:
- a primeira contendo 10% dos melhores fundos em termos de performance no ano imediatamente anterior;
- e a segunda com os 10% dos piores fundos em termos de performance no mesmo período.
O gráfico abaixo ilustra o resultado de uma estratégia realizada entre janeiro/2015 e dezembro/2019.
Observamos os resultados:
CDI: 9,85% a.a.
“Piores” fundos: 10,2% a.a.
Volatilidade: 6,7% a.a.
“Melhores” fundos: 9,0% a.a.
Volatilidade: 10,11% a.a.
Entretanto, trocar de fundos todos os anos é fiscalmente ineficiente. E se utilizarmos os dados dos últimos 24 meses para rebalancear a carteira de fundos a cada 24 meses?
Vejamos os resultados (neste caso, o período utilizado foi entre janeiro de 2016 e dezembro de 2019):
CDI: 9,02% a.a.
“Piores” fundos: 11,4% a.a.
Volatilidade: 8,0% a.a.
“Melhores” fundos: 8,4% a.a.
Volatilidade : 8,9% a.a.
Reparem que os melhores fundos no período anterior (seja 1 ou 2 anos) tiveram uma performance inferior ao CDI e aos “piores” fundos, assim, observamos que, os fundos tendem a ter um comportamento de reversão à média e não de momentum como outros ativos financeiros.
Os fundos de pior desempenho tendem a ter um desempenho melhor (ou outperformer) que os fundos de melhor desempenho, não importando o prazo. Mas não se engane, isso não quer dizer necessariamente que escolher um fundo por rentabilidade não é o caminho certo.
Se houver rebalanceamentos mensais em busca de momentum, por exemplo, é uma ótima estratégia, segundo o consenso de mercado, mas é fiscalmente ineficiente (a não ser que seja desempenhada dentro de um fundo exclusivo ou por um FIC).
Nesse sentido, o investidor deve ter em mente que suas decisões de escolha de fundos de investimentos não podem ser única e exclusivamente baseadas em rentabilidade.
Ressaltando que, o seu perfil de investidor pode vir a mudar ao longo do tempo, assim você precisa se certificar se esse tipo de aplicação é adequada ao seu perfil.
Conversar com um assessor de investimento para tomar essa decisão é fundamental.